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Mulheres ainda enfrentam barreiras no mercado de trabalho no Brasil

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Carolina Pessoa - Repórter da Rádio Nacional
08/03/2024 - 11:22
Brasília

Cerca de 32% das mulheres brasileiras estavam abaixo da linha de pobreza, em 2022. Essa era a situação de 41,3% das mulheres pretas ou pardas que vivem no país, contra 21,3% das mulheres brancas. É o que apontam dados divulgados nesta sexta-feira (8) pelo IBGE.

Eles mostram que muitas desigualdades de gênero, e também de raça, persistem no Brasil. Em 2022, por exemplo, as mulheres dedicaram aos afazeres domésticos e cuidados de pessoas quase o dobro do tempo dos homens. Foram pouco mais de 21 horas, contra 11,7 horas dedicadas por eles. A maior desigualdade foi registrada na região Nordeste, e mulheres pretas ou pardas estavam mais envolvidas nessas atividades do que as mulheres brancas.

Mesmo com uma maior carga de trabalhos domésticos, as mulheres são mais escolarizadas e, no ano em que os dados foram coletados, mais de 21% tinham ensino superior completo enquanto entre os homens essa proporção foi de 17%. Apesar disso, elas ocupavam menos de 40% das posições de liderança e tinham rendimentos significativamente menores. Considerando apenas as pessoas nesses cargos, os homens recebiam mais de R$ 8 mil por mês, e as mulheres em média R$ 6.600.

Betina Fresneda, pesquisadora do IBGE, resume o cenário.

“Elas concluem o ensino superior em maior proporção. Então supostamente elas deveriam ter uma média salarial maior. Elas ainda enfrentam barreiras para ingressar em determinadas áreas do conhecimento, especialmente aquelas ligadas às ciências exatas e à esfera da produção”.

As disparidades continuam no mercado de trabalho. Em 2022, menos de 54% das mulheres com 15 anos ou mais faziam parte da força de trabalho, por estarem ocupadas ou procurando um emprego.  Entre os homens esta medida chegou a 73,2%, uma diferença de quase 20 pontos percentuais. Esse elevado patamar de desigualdade se manifestou tanto entre mulheres e homens brancos quanto entre mulheres e homens pretos ou pardos.

Barbara Cobo, pesquisadora do IBGE, aponta que cuidar dos filhos é um fator que influencia neste resultado.

“De uma forma geral a ocupação da mulher aumenta quase 10 pontos percentuais quando não tem criança no domicílio. E nas mulheres pretas ou pardas esse impacto é ainda maior. A gente vê que talvez as mulheres pretas ou pardas realmente tenham menos essa rede de apoio institucional para deixar as crianças e se liberar para o mercado de trabalho”.

Outro campo de grande desigualdade é a política. Apesar das mulheres corresponderem a pouco mais de 52% do eleitorado, o Brasil está na posição 133, em um ranking de 186 países, que mede a representatividade política. E é o último colocado entre os países da América Latina. Mesmo com aumento recente, na Câmara dos Deputados, por exemplo, menos de 18% dos parlamentares são mulheres. 

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