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Pesquisa traz informações inéditas sobre aborto

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Priscila Thereso - repórter da Rádio Nacional
02/05/2024 - 12:57
Rio de Janeiro

Uma nova pesquisa nacional sobre a saúde da mulher e da criança no país inclui, de forma inédita, a questão do aborto. Esta segunda edição do levantamento “Nascer no Brasil” avaliou a qualidade da assistência à saúde durante o pré-natal, parto, nascimento e puerpério, e os resultados estão na edição de abril da revista Cadernos de Saúde Pública, da Escola Nacional de Saúde Pública da Fiocruz.  

Realizada entre 2021 e 2023, a pesquisa é motivada pela alta incidência de gestações não desejadas e mortalidade materna, associada ao aborto, como explica a pesquisadora em saúde coletiva Claudia Bonan, do Instituto Nacional de Saúde da Mulher, da Criança e do Adolescente Fernandes Figueira, da Fundação Oswaldo Cruz.

"A gente estima que perto dos 40 anos uma em cada sete mulheres, corresponde a 13, 14%, vai ser realizado um aborto. E estima também que 15% das gestações terminam em aborto espontâneo. Então tem uma magnitude, uma experiência bastante importante na vida reprodutiva das mulheres''.

O estudo abrange o aborto espontâneo, o provocado, o permitido por lei e também por gravidez ectópica, quando o embrião se desenvolve fora do útero. Segundo Claudia Bonan, as pesquisadoras identificaram uma situação de vulnerabilidade durante as entrevistas.

"No Brasil pelo ambiente de criminalização e estigmatização e também de ideologização do aborto, você encontra uma situação de vulnerabilidade grande. Essas mulheres são muitas vezes alvo de maus-tratos, negligência, assédio moral e negação de cuidado. E são tratadas com pouca consideração em relação as dores físicas e psicológicas".

Essa situação de vulnerabilidade não é distribuída igualmente entre as pessoas que gestam, afirma a pesquisadora.

Para Claudia Bonan, esse panorama epidemiológico sobre as situações de aborto,  condições de assistência e consequências para a vida reprodutiva pode trazer um impacto importante na formulação de políticas.

"Tanto na área de saúde mas também na área da educação, na área da assistência social, na área das políticas do trabalho. E esperamos que os governos federal, estaduais e municipais examinem bastante esse resultado, porque eles podem viver as políticas que vão fazer muito diferenças na saúde e na vida de mulheres e pessoas que podem gestar".

O novo estudo surge como uma continuação da primeira edição do “Nascer no Brasil”, cujos resultados foram divulgados há dez anos.

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