O relatório final do inquérito da Polícia Civil, sobre a abordagem de PMs a três adolescentes negros e um branco em Ipanema, na zona sul da capital fluminense, vem sendo alvo de críticas da defesa de parte deles. O caso, no início de julho, ganhou notoriedade devido ao fato de se tratarem de filhos dos embaixadores do Gabão e de Burkina Faso e de um diplomata do Canadá.
O relatório concluiu não ter havido racismo na abordagem, ao contrário do que as famílias entenderam, já que apenas o jovem branco brasileiro não foi alvo dos policiais.
A advogada Raquel Fuzaro disse que vai até a última instância para provar que houve sim o crime de racismo por parte dos policiais militares e que o caso trata-se de violação de Direitos Humanos.
Ela destacou que os jovens negros foram vítimas de preconceito, opressão e crueldade. E, que vai pedir as transcrições dos depoimentos e todas as provas possíveis...
“O próprio ministério público da infância ao ver, pela mídia, o que ocorreu com os meninos, imediatamente ingressou com uma ação civil pública de antecipação de provas. Porque, sim, o ministério público também visualizou indícios de uma abordagem efetivamente ilegal e de perfilamento racial. O STF á falou: é ilegal a abordagem por perfilamento racial. A abordagem deve ser de uma situação suspeita e não de pessoas, pela cor de pele suspeita”.
No relatório, a titular da Delegacia Especial de Atendimento ao Turista, Danielle Bulus Araújo, ressalta que a investigação comprovou que os PMs "não elegeram suspeitos com base na cor da pele, pois estavam atrás de suspeitos seguindo a descrição de vítimas estrangeiras, que tinham acabado de sofrer um crime na praia de Ipanema”.
Já em seus depoimentos, os quatro jovens abordados afirmaram que não houve o uso de palavras ofensivas, com cunho racial, discriminatório ou humilhante por parte dos agentes, que teriam, ainda de acordo com o relato, agido da mesma forma com todos.
O inquérito, concluído na sexta-feira (9), foi encaminhado ao Ministério Público, que vai decidir se referenda o documento ou denuncia os PMs à justiça.