Mais de 9.500 famílias foram despejadas no estado de São Paulo de outubro de 2022 a julho de 2024. E cerca de 90 mil pessoas estão sob ameaça de despejo. O estado lidera o ranking nos dois indicativos, seguido por Pernambuco e Amazonas.
Os dados são de uma pesquisa da Ong Habitat Brasil, divulgada nesta quarta-feira (14). O estudo aponta as justificativas para as ameaças de remoção e despejo das famílias em São Paulo. A principal, que responde por 51%, se deve a ações de reintegração de posse. Já situações de despejo por irregularidade urbanística ou do edifício correspondem a um em cada seis casos. Em 12% dos episódios, as famílias são removidas por causa do impacto de obras públicas ou projetos de urbanização. Os casos restantes são de moradias desapropriadas por estarem em área de risco ou de proteção ambiental. Independentemente do motivo, a medida afeta os mais pobres: 3 em cada 4 ganham até dois salários mínimos.
Raquel Ludermir, gerente de Incidência Política da Organização Habitat para a Humanidade Brasil, considera que um dos fatores que contribuíram para o aumento de despejos é o custo de vida elevado como reflexo da pandemia, que trouxe um empobrecimento das pessoas e fez com que muitas recorressem a ocupações urbanas.
Outro dado do estudo aponta que o número de despejos e remoções forçadas depois da pandemia de covid-19 aumentou em 70%. Lembrando que, em junho de 2021, o Supremo Tribunal Federal suspendeu os despejos, medida que foi prorrogada por três vezes, até outubro de 2022.