Indígenas lutam por sobrevivência após um mês de incêndios florestais. Já são mais de 40 terras indígenas afetadas pelas queimadas em Mato Grosso, segundo a Federação dos Povos e Organizações Indígenas do estado.
Na Terra Indígena Pimentel Barbosa, no Mato Grosso, crianças xavantes precisaram subir em ocas com garrafas de água para se proteger do fogo que atingiu a comunidade.
A liderança indígena local, Mara Barreto Sinhowawe Xavante, relatou à Agência Brasil a situação da terra indígena após um incêndio criminoso.
“No nosso território, a queimada começou na aldeia Pimentel, uma aldeia muito longe da nossa. Foi um incêndio criminoso e esse incêndio foi se estendendo e ficou duas semanas o cerrado queimando, quilômetros e quilômetros, até chegar dentro da nossa aldeia", detalha.
A comunidade conta com apenas dois indígenas brigadistas, que pouco puderam fazer para conter as chamas. Além disso, Mara Xavante aponta que a Secretaria Estadual de Meio Ambiente do Mato Grosso não forneceu equipamentos suficientes, como extintores, para combater os incêndios.
Além da ameaça do fogo, os xavantes sofrem ainda com doenças respiratórias causadas pela fumaça e com a dificuldade de acesso a alimentos e água potável.
Mara Xavante criticou a omissão do poder público frente aos direitos dos povos indígenas e denunciou a submissão ao agronegócio.
Dados do Inpe, o Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, mostram que apenas em setembro, Mato Grosso já registrou mais de 16 mil focos de queimadas.
Na semana passada, em encontro do governo federal com os governadores do Norte e do Centro-Oeste, o governador do Mato Grosso, Mauro Mendes, disse que a maior parte dos incêndios no estado tiveram origem criminosa. Mendes defendeu o endurecimento de penas como medida para desestimular os incêndios.
Nessa mesma reunião, o ministro da Casa Civil, Rui Costa, anunciou a liberação de R$ 400 milhões do BNDES para os estados da Amazônia Legal e disse que o governo planeja a liberação de mais recursos para o combate aos incêndios, além do plano de reestruturação das defesas civis e corpos de bombeiros de todo país.
Sobre a situação da Terra Indígena Pimentel Barbosa, a Agência Brasil entrou em contato com a Secretaria de Meio Ambiente do Mato Grosso, mas não obteve retorno.
* Com colaboração de Luciano Nascimento