Julgamento dos assassinos de Marielle e Anderson entra no segundo dia
O julgamento dos assassinos de Marielle Franco e do motorista Anderson Gomes entrou no segundo dia, nesta quinta-feira (31). Nessa primeira parte, os promotores deram pareceres sobre os acusados. Ao fim da sessão, o júri vai definir se os dois réus, Ronnie Lessa e Élcio Queiroz, são culpados ou inocentes.
O julgamento foi retomado com fala da promotora Audrey Castro, titular do 4º Tribunal do Júri. Ela falou da singularidade do processo:
"Tem uma coisa nesse processo que o faz comum ao incomum a todos os demais processos julgados aqui. E justamente por isso ele é julgado aqui. A gente sabe da importância desse processo. Nesse processo foram praticados crimes dolosos contra a vida. E é por isso que os senhores estão julgando esses fatos. Porque a Constituição chama os membros da sociedade para julgar os crimes dolosos contra a vida."
O segundo pronunciamento foi do promotor Fábio Vieira. Para ele, os executores são sociopatas:
"Mas porque confessaram? Porque estão arrependidos? Não. Porque isso vai beneficiá-los de alguma forma. Então, isso é uma característica do sociopata: ele não tem emoção em relação aos outros, não tem sentimento, ele não tem valores, ele não tem empatia. Essas pessoas sabem o que é certo ou que é errado. O tipo de problema mental que essas pessoas tem não é saber o que é certo e o que é errado não. Eles não ligam pra isso. Matar dois, matar três, matar dez não importa."
O promotor Eduardo Martins foi o terceiro a falar. Ele avaliou que houve uma tentativa de manipulação dos fatos por parte dos réus, que foi impossibilitada devido à robustez das provas materiais.
"Eles tentaram o tempo inteiro amenizar: 'eu só queria matar a Marielle, eu matei o Anderson sem querer'. O outro não queria matar ninguém. Entra no carro do amigo homicida, mas não queria matar ninguém. Os dados objetivos foram todos corroborados, a volta do táxi pra Barra da Tijuca, nós conseguimos demonstrar esse carro indo para Rocha Miranda para ser picotado. Nós conseguimos fazer toda essa corroboração."
O julgamento continua. A próxima etapa é a exposição das alegações finais pela defesa. Pelos crimes, o Ministério Público estadual vai pedir ao 4º Tribunal do Júri a condenação máxima, que pode chegar a 84 anos de prisão. O júri é formado por sete homens e a juíza que preside o julgamento é Lúcia Glioche.