BYD cancela contrato com empreiteira flagrada com trabalho escravo
Após o resgate, nessa segunda-feira (23), de 163 operários chineses que trabalhavam em condições semelhantes a de escravos, a montadora de automóveis BYD cancelou o contrato com a empreiteira Jinjiang Construction Brazil Ltda, contratada para realizar as obras do prédio onde será instalada a fábrica de carros elétricos e híbridos.
Foram interditados alojamentos e trechos do canteiro de obras.
Em nota, a BYD reconheceu que a empreiteira cometeu graves irregularidades e disse que não tolera desrespeito à lei brasileira a à dignidade humana.
As instalações que começaram a ser erguidas em Camaçari, região metropolitana de Salvador, vão abrigar escritórios e a fábrica da montadora BYD.
O Ministério Público do Trabalho baiano informou que parte dos resgatados permanece em um alojamento, enquanto outro grupo já está em um hotel, mas não poderão trabalhar e terão seus contratos de trabalho rescindidos.
Na próxima quinta-feira (26), deve acontecer uma audiência virtual conjunta, liderada pelo Ministério Público do Trabalho e o Ministério do Trabalho e Emprego, para que tanto a montadora como a construtora apresentem as providências para a regularização geral da situação.
Durante as fiscalizações, iniciadas em novembro deste ano, as condições encontradas nos cinco alojamentos revelaram um quadro precário e insalubre. Faltavam colchões nas camas e os banheiros eram insuficientes nos alojamentos, inclusive não eram separados por gênero e não tinham assentos sanitários adequados.
A cozinha improvisada não possuía armários para armazenar mantimentos ou panelas e a água consumida era da torneira.
No canteiro de obras, houve registro de vários acidentes de trabalho, falta de equipamentos de segurança e banheiros químicos sem condições e quantidade suficiente.
Também foi caracterizado trabalho forçado porque os trabalhadores eram obrigados a pagar caução, tinham 60% de seus salários retidos, recebendo apenas 40% em moeda chinesa e tinham os passaportes retidos.