Professor leva conhecimento de ciência por meio da arte da palhaçaria
Hoje tem palhaçada? Tem sim senhor! Nesta terça-feira (10) é comemorado o Dia do Palhaço. No Brasil, a celebração teve início em 1981, em São Paulo. Ao longo dos anos, a data passou a ser celebrada em outras capitais brasileiras e, em 2017, foi sancionada a lei que tornou oficial a data em todo o território nacional.
Uma história curiosa é a do palhaço Dr. Terremoto, personagem do físico George Sand de França, que é professor titular do Instituto de Astronomia, Geofísica e Ciências Atmosféricas da Universidade de São Paulo. O nome artístico foi inspirado em um terremoto que George vivenciou em 1986, em João Cândido, no Rio Grande do Norte. quando tinha apenas 15 anos.
O personagem Dr. Terremoto foi criado só em 2019, durante um congresso em Viena, na Áustria. Ele conta que a ideia foi uma forma de protestar contra o negacionismo.
"A história do palhaço surgiu junto com o negacionismo. Havia discussões sobre a Terra Plana, esses absurdos. E não havia nada melhor do que o palhaço para brincar com isso, com a questão da Terra Plana. Uma ação muito importante em dois sentidos: o do público e o da pessoa que faz o palhaço. Eu acabei entrando nessa ideia de formação de palhaços científicos".
Mas, ser cientista e palhaço não é uma tarefa fácil. Sand fala das dificuldades em se dividir entre a carreira acadêmica e a arte da palhaçaria.
"Realmente, é muito difícil conciliar essas ações, porque você quer estar em cena, trabalhando, mas também precisa fazer pesquisa. A ideia de entregar e trazer mais estudantes para esse processo de formação. Precisamos começar a ter não só espetáculos em espaços, mas também em escolas, e sempre ter um debate sobre a questão científica, tirar dúvidas e brincar com isso".
Apesar das dificuldades, Sand decidiu juntar a ciência com a arte e usar o palhaço Doutor Terremoto para descontrair o debate científico e, ao mesmo tempo, mantê-lo no centro das discussões.
"Na ciência, é muito importante esse vínculo com a arte, porque ela consegue trazer a pessoa para esse espaço científico, que é tão difícil de estar nessa discussão".
A origem da figura do palhaço remonta ao Egito Antigo, à Grécia, Roma, China e civilizações americanas. Eram os “bobos da corte” e bufões , personagens marginalizadas pela sociedade da época, mas que circulavam com desenvoltura entre os reis, imperadores e seus súditos pela função que desempenhavam nas respectivas cortes.
Pela aparência e roupas que usavam eram vistos como os palhaços de hoje, geralmente não levados a sério. Mas com espaço para fazer protestos bem-humorados e questionamentos sociais.