A justiça argentina confirmou, nesta quinta-feira (19), que vai processar o vice-presidente Amado Boudou por suborno e negociações incompatíveis com seu cargo publico.
Ele foi acusado de salvar a gráfica Ciccone da falência em 2010, quando era ministro da Economia, para depois comprá-la através de amigos e de um fundo de investimento. Boudou também teria beneficiado os novos donos da gráfica, com contratos com o governo, para imprimir papel moeda e documentos oficiais.
Essa é a primeira vez na história argentina que um vice-presidente em exercício é processado por seu suposto envolvimento num escândalo de corrupção. A decisão judicial foi anunciada um dia após a Marcha do Silêncio. Na quarta-feira, milhares de argentinos saíram às ruas para homenagear o promotor Alberto Nisman, que foi encontrado morto, com um tiro na cabeça, há um mês.
Quatro dias antes de morrer, Nisman tinha acusado a presidenta Cristina Kirchner de negociar com o Irã um pacto secreto para desviar as investigações do atentado de 1994 contra um centro comunitário judaico, que matou 85 pessoas.
A ex-mulher de Nisman, a juíza Sandra Arroyo Salgado, descartou nesta quinta-feira a hipótese de um suicidio. Ela disse que o promotor, com quem teve duas filhas, nao tinha motivos nem personalidade para se matar - muito menos com um revólver.
Os argentinos que participaram da Marcha do Silêncio pedem uma justifica independente e eficiente, capaz de investigar a fundo a misteriosa morte do promotor e a séria denúncia que fez contra a presidenta.
O governo criticou a marcha, dizendo que foi uma manifestação política opositora - e não um ato organizado por promotores independentes para homenagear um colega morto.
O chefe de gabinete da presidência, Jorge Capitanich, disse nesta quinta-feira que a justiça, na Argentina, pode ser independente da política - mas não das corporações e seus interesses.
