Comunidade internacional manifesta preocupação com risco de guerra na Venezuela
Num clima de crescente tensão, os 19,5 milhões de eleitores venezuelanos foram convocados às urnas, neste domingo (30), para votar numa polêmica Assembleia Nacional Constituinte, que tem sido motivo de violentos enfrentamentos, entre as forças de segurança e a oposição, e tem atraído a atenção do mundo.
A oposição desafiou o governo, que proibiu manifestações nas ruas até esta segunda-feira (31). Os oposicionistas ao governo Marudo convocaram passeatas e bloqueios de ruas, em todo o pais. O governo mobilizou a policia, para proteger os centros de votação.
A comunidade internacional tem manifestado sua preocupação com o risco de uma guerra civil, numa nação que é dona de uma das maiores reservas de petróleo do planeta.
Países vizinhos, como o Brasil e a Colômbia, têm acolhido milhares de refugiados da crise econômica, social e politica, que assola a Venezuela. Os três poderes venezuelanos estão sendo enfrentados, o que dificulta a adoção de medidas para combater a inflação anual de mais de 700%, a recessão, o desabastecimento e a violência.
A Assembleia Nacional Constituinte foi a resposta do presidente Nicolás Maduro a recente onda de protestos, que começaram em abril. Em quatro meses, mais de 100 pessoas morreram – em média, uma por dia. Isso é muito mais do que os 43 mortos nas violentas manifestações de 2014.
Os opositores dizem que a eleição desse domingo (30) é mais uma manobra de Maduro para ampliar seus poderes e se perpetuar no cargo. Além de reformar a Constituição, os 545 membros da Assembleia Constituinte terão poderes para dissolver o Parlamento, que pela primeira vez em 18 anos é controlado pela oposição.
A vitória do governo na eleição de domingo está praticamente garantida, até porque nenhum dos 120 candidatos representa a oposição, que decidiu se abster do que considera ser “uma fraude”.
Os opositores optaram pelo boicote, depois de constatar que as regras para eleger os constituintes foram feitas de tal maneira a assegurar a vitória governista.
Um terço dos constituintes (173) serão indicados por organizações sociais e sindicatos, aliados de Maduro. Oito cadeiras serão ocupadas pelas nações indígenas. Os demais 364, representarão os municípios venezuelanos.
Mas todos terão o mesmo peso, sem levar em conta o tamanho da população. Ou seja, as cidades grandes, onde a oposição é forte, terão a mesma representatividade que as pequenas, do interior.
A eleição desse domingo foi marcada para começar às 7h, horário de Brasília, e terminar às 19h.