Com menos casos de coronavírus, Uruguai decide reforçar controle de fronteiras com o Brasil
O presidente do Uruguai, Luis Lacalle Pou, decidiu reforçar o controle nas fronteiras com o Brasil. A preocupação é com a situação de cidades fronteiriças onde existem casos do novo coronavírus do lado brasileiro, mas não do uruguaio.
O presidente esteve nesta quarta-feira no departamento de Cerro Largo, onde visitou o destacamento militar na cidade de Noblía, perto da fronteira com Brasil. As visitas fazem parte da estratégia de percorrer a fronteira e reforçar as medidas de controle, colocando autoridades sanitárias permanentemente nas zonas limítrofes, além de desenvolver um protocolo preventivo para a proteção da população uruguaia.
O ministro da Saúde visitou as cidades de Artigas e Bella Unión para trabalhar na coordenação entre os sistemas de saúde público e privado do Uruguai e do Brasil. Na última segunda-feira, ele esteve na cidade de Rivera. Río Branco e Chuy serão as próximas inspecionadas.
O Uruguai tem seis cidades fronteiriças com acesso a cidades brasileiras. O presidente uruguaio deu instruções aos ministros para que aumentem os controles, tanto nas fronteiras formais quanto em rotas secundárias que são utilizadas como atalhos para driblar os controles aduaneiros. Ele solicitou ainda protocolos e diretrizes claras para a população das zonas limítrofes.
Em Santana do Livramento, por exemplo, há 19 casos confirmados do novo coronavírus, de acordo com as informações do governo do estado do Rio Grande do Sul. Já na vizinha Rivera, no lado uruguaio, ainda não há nenhum caso registrado, assim como em Artigas, fronteira com Quaraí, no Brasil, que tem 4 casos e 1 morte.
Na Ponte da Concórdia, que liga as cidades de Artigas e Quaraí, foi instalado um sistema de desinfecção usado durante a febre aftosa para os usuários desinfetarem os calçados. Além disso, a temperatura corporal é monitorada com termômetros infravermelhos.
Uma das preocupações do governo é com o início da colheita de cana-de-açúcar, que ocorre no final de maio, na cidade de Bella Unión. Todos os anos, cerca de 300 brasileiros entram no Uruguai para trabalhar nas colheitas. De acordo com Delgado, secretário da Presidência, há a previsão de testagem nos brasileiros e aplicação de medidas de segurança sanitária, como uso de máscaras faciais e distanciamento físico.
Apesar de o Uruguai ter proibido a entrada de estrangeiros, no contexto da emergência sanitária, os residentes de localidades que fazem fronteiras com o Brasil são exceção, pois frequentemente vivem de um lado e trabalham de outro lado da fronteira. No Chuí, por exemplo, apenas uma avenida divide o lado brasileiro do uruguaio, sendo uma única cidade, o que dificulta enormemente o controle.
O ministro das Relações Exteriores do Uruguai, Ernesto Talvi, entrará em contato com o chanceler brasileiro para tratar da questão.