Aquela China que se enxergava como centro do mundo acabou, mas ressuscitou com uma cara muito diferente. E quer recuperar a proeminência que tinha. Esse era o momento mais esperado, o encontro do presidente Lula com Xi Jinping que não é imperador, mas que hoje na política chinesa tem uma posição de poder igualmente incontestável.
Lula é mais um num carrossel de visitas de líderes mundiais que têm vindo conversar com Xi Jinping. O que foi diferente é que para Lula os chineses usaram todo o arsenal de homenagens possíveis para uma visita de estado. Andando lado a lado num tapete vermelho, cor da prosperidade para os chineses, Lula e Xi Jinping desfilaram para o mundo a intenção de uma parceria que pode ter muito peso em vários temas.
Primeiro, uma reunião entre os líderes e seus ministros. Cada lado numa imensa mesa. Xi Jinping, como anfitrião, deu as boas-vindas e falou que o Brasil é uma prioridade para a China. Lula retribuiu, disse que era a quarta vez que vinha à China, que a relação entre os dois países era extraordinária, que era importante que os laços não fossem apenas comerciais, mas também culturais.
Ainda antes da assinatura de acordos, os dois tiveram um encontro mais privado que durou muito mais do que os 15 minutos previstos, um bom sinal. Parece ter sido cansativo porque na embaixada brasileira Lula preferiu não falar. Coube ao ministro Fernando Haddad fazer um balanço desse começo de relacionamento.
Foi um longo dia do dia mais importante dessa viagem. O curioso é que as palavras usadas pelo governo brasileiro para promover o novo momento do Brasil, união e reconstrução, se aplicam perfeitamente à China. Ambos querem uma aproximação maior, não só econômica, mas também política, mais união portanto. Mas também reconstrução.
Nos últimos quatro anos, Bolsonaro atacou diversas vezes a China que, desde 2009, é o nosso maior parceiro comercial. Lula e Xi Jinping querem trilhar um caminho diferente.