A escalada das tensões entre Israel e o Irã pode levar a uma guerra de proporções mundiais? Para especialistas em história e relações internacionais, a resposta é sim. Existe o risco de o conflito envolver as principais potências militares do mundo.
O temor cresce após relatos de explosões na cidade iraniana de Isfahan, na madrugada dessa sexta-feira (19). Israel não se manifestou sobre o incidente. O país informou, dias atrás, que revidaria os ataques iranianos do último dia 13, feitos em retaliação ao atentado de Israel contra um consulado do país islâmico em Damasco, na Síria. O ministro das Relações Exteriores do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, disse que os ataques com drones, nessa sexta, que estão sendo atribuídos a Israel, não causaram danos ou vítimas.
O professor e doutor em história pela Universidade de São Paulo, José Arbex Júnior, avalia que se os dois países não forem contidos, podem arrastar o mundo para um novo conflito.
O Irã controla o estreito de Ormuz, um pedaço do Golfo Pérsico por onde passa parte do comércio mundial. Um conflito com esse país poderia afetar diretamente a comercialização de petróleo e consequentemente a economia mundial.
A professora de Relações Internacionais da Faculdade Ibmec de São Paulo, Natalia Fingermann, analisa que a escalada do conflito, que hoje é regional, pode provocar grande instabilidade global nuclear.
Segundo o professor José Arbex, o objetivo de Israel com o ataque deliberado ao Irã é retomar a aliança com os Estados Unidos, inimigo declarado dos iranianos, após um isolamento internacional.
Para Natalia Fingermann, o conflito envolvendo o Irã fragiliza ainda mais a situação da Palestina, que vinha buscando solidariedade mundial.
O Ministério das Relações Exteriores do Brasil disse nesta sexta-feira, em nota, que continua a acompanhar, com grave preocupação, episódios da escalada de tensões entre o Irã e Israel, desta vez com o relato de explosões na cidade iraniana de Isfahan.
De acordo com o Itamaraty, o Brasil apela as partes envolvidas que exerçam máxima contenção e conclama a comunidade internacional a mobilizar esforços no sentido de evitar uma escalada na violência.
O ministério também informou que o ministro Mauro Vieira fez esse apelo diretamente ao chanceler do Irã, Hossein Amir-Abdollahian, em encontro bilateral ocorrido nesta sexta-feira, na sede da Organização das Nações Unidas, em Nova York.
*Com colaboração de Lucas Pordeus León.