O Ministério Público Federal quer repassar à União mais de R$ 230 milhões restituídos em acordos de colaboração da força-tarefa da Lava Jato no Rio de Janeiro. Os valores, renunciados por réus de duas famílias, estão depositados em contas no Brasil, e o MPF pede a transferência para uma conta judicial. A soma também inclui previsão de recursos a serem obtidos com a venda de imóveis dos réus, acusados de lavar recurso oriundo de corrupção.
O pedido, protocolado na 7ª Vara Federal Criminal, lista depósitos e valores em espécie de mais de R$ 137 milhões, além de 33 apartamentos, casas e terrenos, em bairros valorizados do Rio de Janeiro e São Paulo, com valor estimado em mais de R$ 92 milhões.
Entre esses bens, estão vários imóveis pertencentes ao doleiro Dario Messer, incluindo uma cobertura na Av. Delfim Moreira, no bairro do Leblon, que tem o metro quadrado mais caro da capital fluminense. Messer também renunciou a bens no Paraguai e Estados Unidos, objetos de pedido de cooperação internacional já formalizado pelo MPF.
O doleiro ainda acumulava um patrimônio em obras de arte, que também foi renunciado. São dez telas de Di Cavalcanti, uma de Djanira, e outra de Emeric Marcier que, a depender do Ministério Público, não deverão ser vendidas.
A 7ª Vara Federal Criminal do Rio de Janeiro tinha ordenado o leilão das obras, mas o MPF recorreu por considerar inestimável o valor do patrimônio imaterial. A sugestão é que ele seja doado ao Museu Nacional de Belas Artes.
Os R$ 230 milhões que o MPF quer repassar à União serão obtidos também com a venda de imóveis de Rafael Libman, ex-genro de Messer, e seu pai, Mario Libman. Os dois colocaram à disposição da justiça nos acordos 18 imóveis no Rio de Janeiro e São Paulo, além de uma lancha avaliada em cerca de R$ 150 mil.