O Tribunal Regional do Trabalho da 2ª região, que compreende a cidade de São Paulo, o ABC paulista e a região da baixada santista, registrou um leve aumento nos casos de assédio moral no ano passado comparado a 2020. Foram 15.973 processos em 2021 contra 15.567 processos no ano anterior. E só no primeiro trimestre deste ano, o tribunal já contabilizou mais de 2.900 casos de assédio moral.
No caso mais recente julgado pelo tribunal, uma rede de supermercados foi condenada a pagar R$ 5 mil por assédio moral praticado por um gerente contra um subordinado. De acordo com os autos do processo, o subordinado era chamado constantemente de "burro" e "barata tonta" pelo chefe. E o caso não é isolado, já que ainda de acordo com o TRT-2, o setor do varejo foi o que mais registrou processos de assédio moral, com mais de 8.900 casos.
De acordo com a vice coordenadora de promoção da igualdade do trabalho do MPT, Melicia Carvalho Meisel, a pandemia trouxe desgaste aos empregados, com a falta da divisão clara do ambiente da empresa com o do lar, e a grande maioria já está mais consciente do que não é permitido nas relações de trabalho.
A psicóloga da Fundacentro (Fundação de Segurança e Medicina do Trabalho), Laura Nogueira, destaca que não são apenas xingamentos constantes que caracterizam assédio moral, mas que há uma ampla gama de ações feitas por assediadores que podem ser caracterizadas como violentas.
O assédio moral prejudica o ambiente de trabalho e desvirtua a função social das empresas, que é o de oferecer um trabalho digno e saudável às pessoas.
A orientação de especialistas é que as empresas combatam o assédio moral, seja através de palestras e atividades de conscientização entre gestores e empregados, contratação de consultoria para avaliar o ambiente de trabalho ou mesmo através de acordos com sindicatos com cláusulas para combater esse tipo de situação.
*Com produção de Dayana Victor