Após vários adiamentos, o Tribunal de Justiça retomou hoje (17) as audiências de instrução sobre as mortes do indigenista Bruno Pereira e do jornalista britânico Dom Phillips. Vão ser ouvidos testemunhas, informantes e réus no Fórum da Justiça Federal, em Tabatinga, distante pouco mais de 1.100 km de Manaus, no Amazonas.
A Justiça analisa se os réus Amarildo da Costa Oliveira, conhecido por "Pelado"; Oseney da Costa de Oliveira, conhecido como "Dos Santos"; e Jefferson da Silva Lima, conhecido como "Pelado da Dinha" serão levados à júri popular. Outras duas audiências estão previstas para os dias 20 e 27 de julho.
Nesta última data, Amarildo, Oseney e Jefferson, que foram ouvidos em maio passado, devem depor novamente, já que o Tribunal Regional da 1ª Região determinou a anulação dos interrogatórios dos três réus para que testemunhas de defesa indeferidas pudessem ser ouvidas. No depoimento anulado, Amarildo e Jefferson inicialmente confessaram os assassinatos, mas disseram que foram ameaçados por Bruno e agiram em legítima defesa. Já Oseney nega participação no crime.
Oseney e Jefferson estão detidos em um presídio federal, no Mato Grosso do Sul e Amarildo em uma Penitenciária Federal, no Paraná. Além dos três acusados, as investigações da Polícia Federal apontam também Rubén Dario da Silva Villar, conhecido como "Colômbia", como o mandante dos homicídios. Rubén está preso desde dezembro passado, mas o Ministério Público ainda não ofereceu denúncia contra ele.
Bruno Pereira e Dom Phillips foram vistos pela última vez em 5 de junho do ano passado na comunidade de São Rafael. De lá, seguiram para Atalaia do Norte, navegando pelo rio Itacoaí, região do Vale do Javari, extremo oeste do Amazonas, na fronteira com o Peru, mas nunca chegaram ao destino. Dez dias depois, em 15 de junho de 2022, os restos mortais dos dois foram encontrados. Segundo laudo da Polícia Federal, Dom foi baleado no tórax, enquanto Bruno foi alvejado por três tiros, um na cabeça e dois no tórax. Os corpos foram esquartejados, queimados e enterrados.
Bruno e Dom investigavam crimes socioambientais no Vale do Javari. O correspondente do jornal britânico The Guardian pretendia publicar um livro relatando as histórias de defensores da floresta amazônica e dos direitos indígenas.