A Defensoria Pública da União informou esta semana que a rede de supermercados Atakarejo vai pagar indenização de R$ 20 milhões em danos morais coletivos pela morte de dois jovens negros, ocorridas em 2021, em Salvador.
A quantia será destinada ao Fundo de Promoção do Trabalho Decente e deverá ser utilizada para custear, preferencialmente, iniciativas de combate ao racismo estrutural. Segundo a DPU, a rede de supermercados pagará a primeira de 36 parcelas fixas em meados de outubro.
Em 26 de abril de 2021, Bruno Barros e Yan Barros, tio e sobrinho, então com 29 e 19 anos, foram flagrados furtando carnes em uma das unidades da rede de supermercados Atakarejo e entregues por seguranças da empresa a integrantes de uma facção criminosa do bairro do nordeste de Amaralina.
Nas regras imposta pelo tráfico em Salvador, roubos não são permitidos na região para evitar o aparecimento de policiais. Os jovens foram torturados e mortos, e seus corpos foram encontrados no porta-malas de um carro, no bairro de Brotas. Na época, Imagens de Bruno e Yan sentados no chão do pátio do supermercado com quatro pacotes de carnes circularam em vários aplicativos de mensagens e redes sociais.
Segundo a Polícia Civil, o supermercado não registrou boletim de ocorrência do furto após o fato. Ao longo das investigações, a Justiça determinou a prisão de traficantes e funcionários do supermercado envolvidos.
Além da indenização em dinheiro, o termo do acordo judicial possui 41 cláusulas, onde o AtaKarejo se compromete a adotar uma série de medidas de combate ao racismo. Entre elas, a de aumentar contratação de trabalhadores negros, de forma proporcional ao número de pessoas negras no estado onde existir a unidade do rede, além de criar um canal ativo de denúncias.