O corpo do Cacique Merong Kamakã foi enterrado nesta quarta-feira (6), na comunidade Kamakã Mongoió, em Brumadinho, Minas Gerais. A região onde ele foi sepultado é reivindicada como terra indígena, e está em disputa com a mineradora Vale, que diz ser proprietária do terreno. A empresa chegou a ganhar uma liminar pedindo que o indígena não fosse enterrado na área, mas, mesmo assim, o ritual foi antecipado, como conta Léo Pericles, Presidente Nacional do movimento Unidade Popular.
Na rede social X, a Deputada Federal, Célia Xakriabá, acusa a Vale de negar o direito ao sepultamento de Merong, ao acionar a justiça. Segundo ela, os indígenas acionaram a Polícia Federal para garantir a proteção territorial da comunidade Kamakã Mongoió durante o ritual de despedida a Merong.
A mineradora Vale confirmou ter pedido a liminar, por se tratar de uma região em disputa judicial. Em nota, a empresa reitera pesar pela morte do cacique Merong Kamakã, e disse que “respeita os povos indígenas e seus ritos de despedida”. Também disse que “busca construir uma solução com a comunidade que preserve suas tradições, dentro da legalidade”.
O Ministério dos Povos Indígenas informou ter acionado a Polícia Federal com uma notícia-crime contestando a hipótese de suicídio: segundo a pasta, houve um crime, justamente porque a vítima, o Cacique Merong Kamakã, “liderava um processo de retomada na região, o que o colocava em conflito de interesses com grandes empresas locais”.
O cacique Merong Kamakã Mongoió, de 36 anos, foi encontrado morto na última segunda-feira, no distrito de Casa Branca, em Brumadinho. Mesmo com a hipótese de suicídio, as polícias civil e federal apuram as causas da morte. Merong fazia parte do povo Pataxó Hã-Hã-Hãe, originário do sul da Bahia.