Pantanal: povos tradicionais relatam perda de conexão com a natureza
Sonora: “Já estamos mais de meses sem respirar o ar puro... Com os olhos ardendo, sem ter pra onde ir”.
O relato é do professor Valdevino Cardoso, indígena Terena da região de Aquidauana, em Mato Grosso do Sul, e mostra o desespero de quem convive com os resultados do fogo.
Ele e outros representantes de populações tradicionais, diretamente atingidas pelos incêndios no Pantanal fizeram falas bastante parecidas durante audiência pública na Câmara dos Deputados, em que se debate medidas contra o fogo no bioma.
Indígenas, quilombolas, comunidades tradicionais pantaneiras relataram a perda não apenas do roçado, dos animais ou da própria casa. Segundo Cláudia Pinho, coordenadora da Rede de Comunidades Tradicionais Pantaneiras, o que se perdeu foi a conexão com a natureza, que foi quebrada de forma cruel.
Os participantes da audiência pedem leis e orçamento para que sejam tomadas iniciativas de prevenção, pois temem que os incêndios continuem nos próximos anos.
O professor da Universidade Federal de Mato Grosso do Sul, Danilo Bandini Ribeiro, que estuda fogos e inundações em terras indígenas, apresentou estudo onde demonstra que é preciso expandir a atuação de brigadas durante todo o ano.
Coordenador-substituto do Programa de Queimadas do Inpe - Instituto Nacional de Pesquisas Espaciais, Alberto Setzer, afirmou nessa quarta-feira (30), durante outra audiência na Câmara dos Deputados, que, de janeiro até 29 de setembro, houve aumento de 195% no número de queimadas detectadas no Pantanal comparando com o mesmo período 2019.
Alberto Setzer afirmou que seriam necessárias dezenas de milhares de pessoas para conseguir enfrentar a situação.
O governo federal informou que já disponibilizou R$ 10 milhões para o combate ao fogo no bioma. Também foram feitas algumas ações para a melhora da logística, como o envio de helicópteros e equipamentos, além do envio de militares para atuação direta no combate aos focos.
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Print Paulo Pinto/Agência Brasil"
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