Entidades defendem prazo para retirar veículos poluentes no mercado
Entidades médicas pedem que Conama, o Conselho Nacional do Meio Ambiente, mantenha prazo de retirada de veículos mais poluentes do mercado brasileiro. As montadoras de automóveis argumentam que pandemia atrasou a implantação da nova tecnologia.
Em um manifesto público divulgado nessa terça-feira, associações médicas pediram ao Conama para manter o cronograma que determina que a partir de 2023 os veículos vendidos no Brasil sejam menos poluentes. A regra atinge principalmente ônibus e caminhões.
O cronograma foi aprovado em 2018, justamente para que as montadoras pudessem se adaptar à nova tecnologia, o chamado padrão Euro VI.
O sistema já é obrigatório na Europa desde 2014, e garante motores mais limpos, com menos emissão de partículas e gases nocivos à saúde e ao meio ambiente – como o monóxido de carbono e o dióxido de enxofre.
Segundo as entidades médicas e também as ambientais que acompanham a discussão, os fabricantes de automóveis querem uma prorrogação de mais três anos.
Já a Anfavea, a Associação Nacional dos Fabricantes de Veículos Automotores, diz que a prorrogação se justifica em função da pandemia do coronavírus, que teria atrasado a implantação da nova tecnologia.
Durante a pandemia, as montadoras ficaram fechadas por cerca de dois meses.
A associação nega que as empresas estejam pedindo mais três anos para cumprir o acordo. Mas o presidente da Anfavea, Luiz Carlos Moraes, também não diz quanto tempo elas vão precisar.
Segundo a associação, se o prazo não for ampliado, as montadoras não terão veículos para colocar no mercado em 2023.
Já a Organização Mundial da Saúde calcula que a poluição do ar é responsável pela morte de mais de 9 milhões de pessoas no mundo a cada ano. Só no Brasil são mais de 51 mil vítimas.
A poluição também é responsável por metade dos casos de pneumonia em crianças no país, um quarto dos acidentes vasculares cerebrais e quase um terço dos casos de câncer de pulmão.
A Associação Brasileira de Pediatria é uma das entidades a assinar o manifesto enviado para o Conama. Segundo o presidente da associação, Carlos Augusto Mello, estudos mostram que a poluição do ar afeta o desenvolvimento das crianças e já é possível detectar partículas de poluentes na placenta de mulheres grávidas.
Nós entramos em contato com o Conama e o Ministério do Meio Ambiente questionando se já existe uma posição do conselho ou do governo sobre o assunto, e estamos aguardando retorno.