Peixes aparecem em afluente do Rio Pinheiros, em SP, e causam surpresa
Um ciclista gravou imagens de peixes num trecho do Rio Pinheiros, em São Paulo.
A imagem dos peixes em um rio classificado pela Agência Nacional de Águas (ANA) com um índice péssimo de qualidade da água bombou nas redes sociais.
É que a despoluição do Pinheiros, que faz parte da bacia de um outro rio muito poluído, o Tietê, é reivindicação antiga.
Para o governo do estado, a presença dos peixes é resultado do programa de saneamento básico que começou a ser executado em 2019 e que está ligando imóveis da região à rede de tratamento de esgoto.
Até fevereiro, mais de 230 mil endereços passaram a ter coleta de esgoto e, com isso, mais de mil litros de matéria orgânica por segundo deixaram de ser lançados no rio. Mas outros 1,8 mil litros continuam chegando.
Esgoto sem tratamento é um problema sério na maior cidade do país. Das cerca de 3,3 milhões pessoas que vivem na bacia do Rio Pinheiros, pouco menos da metade, 1,7 milhão, não tem acesso ao serviço de tratamento de esgoto.
E não são apenas os moradores das regiões mais pobres que enfrentam o problema, como explicou o secretário de Infraestrutura e Meio Ambiente do estado, Marcos Penido.
A meta é conectar 533 mil endereços até 2022. O secretário garante que vai ser possível.
O orçamento do programa é de R$ 3,5 bilhões. R$ 1,7 bilhão é recurso da Sabesp, a empresa responsável pela coleta do esgoto. Cerca de 10% vem da iniciativa privada e o restante vem do orçamento do estado.
Mas o coordenador do Observando os Rios, projeto da SOS Mata Atlântica, Gustavo Veronesi, acha que ainda falta muito para o rio ser considerado despoluído. Ele lembrou que os peixes não foram vistos exatamente no Rio Pinheiros, mas na foz de um dos afluentes, o Córrego do Sapateiro, e que, apesar de ser um alento, essa conquista é resultado de um trabalho muito mais antigo.
Para Veronesi, além para de lançar esgoto nas águas, a despoluição depende também que as indústrias parem de lançar resíduos, os agricultores não despejem agrotóxicos e a população aprenda descartar o lixo no lugar certo.
Já o jacaré que também causou frisson ao nadar no Rio Pinheiros apareceu no início da década de 1990.