Mudança na legislação de proteção das cavernas pode resultar em extinção de espécies e contaminação ambiental. Quem afirma é Hernani Oliveira, pesquisador do IPAM, Instituto de Pesquisa Ambiental da Amazônia e da Universidade Federal do Pará.
Isso porque um decreto assinado em janeiro pelo presidente Jair Bolsonaro (PL) permite empreendimentos em cavernas, alterando a legislação de 2008, e retirando a regra que proíbe danos irreversíveis em cavernas classificadas como de alta relevância. Uma das atividades previstas na nova norma é a mineração.
Em carta publicada na revista científica Nature, o pesquisador aponta os riscos que a decisão traz para o equilíbrio do ecossistema. Ele cita os morcegos, que habitam as cavernas e são importantes para polinizar e manter as florestas, e ainda espécies raras de animais, como os troglóbios, espécie de peixes que não têm olhos, e descoberta há poucos anos.
Das 22 mil cavernas resguardadas no Brasil, 30% possuem máxima proteção. Hernani Oliveira avalia que os empreendimentos agora permitidos pelo decreto, poderão causar impactos em toda a região das cavernas, como nos cursos de água.
Na carta à Nature, o pesquisador faz ainda um alerta para a expansão do setor de mineração no Brasil, que vem pressionando para explorar as cavernas.