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Meio Ambiente

Cientistas da UFC descobrem peixe invasor em águas rasas do Nordeste

Peixe-leão é perigoso para biodiversidade local e pesca artesanal
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Ana Mary Cavalcante - repórter da Rádio Universitária FM, para a Rádio Nacional
04/04/2022 - 09:22
Fortaleza

Uma expedição inédita coordenada pelo Laboratório de Ciências do Mar (Labomar) da Universidade Federal do Ceará (UFC) descobriu uma espécie invasora em águas rasas do Nordeste. Pela primeira vez, o peixe-leão foi detectado no litoral do Ceará e do Piauí, sendo capturados nove peixes da espécie.

Um deles foi descoberto no mar de Camocim, e os outros estavam em Acaraú e Cruz, e nas unidades de conservação do Parque Nacional de Jericoacoara, em Jijoca, e do Delta do Parnaíba, no Piauí.

O peixe-leão é originário dos oceanos Índico e Pacífico, e é considerado extremamente predador. No Brasil, só havia registro da espécie no Amazonas, em Fernando de Noronha e no Rio de Janeiro.

O professor e pesquisador do Labomar Marcelo Soares, que coordenou a expedição, comenta o significado da descoberta no Nordeste.

“Em uma semana e meia de trabalho nós encontramos uma grande concentração do peixe-leão em águas rasas e em ambientes diferentes - de recifes naturais a recifes artificiais usados para pesca. Isso é algo que desperta uma grande preocupação, porque é a primeira prova de que o peixe-leão está em águas rasas do Nordeste brasileiro. É uma descoberta de valor internacional”.

Para o pesquisador, são urgentes novas pesquisas e o extermínio do predador.

“Ele [o peixe] tem um impacto extremamente negativo na pesca e na biodiversidade marinha nativa, isso já foi comprovado na região do Caribe, onde ele invadiu. Então o impacto social e econômico dele na nossa pesca artesanal, no nosso no nosso estado, pode ser muito ruim. fora na biodiversidade nativa, já que ele se alimenta de peixes nativos, de camarões nativos”.

O peixe-leão pode viver em até 100 metros de profundidade. Ele é agressivo e tem 18 espinhos venenosos, colocando 29 espécies de peixes nativos em risco, como destaca o pesquisador Marcelo Soares, do Labomar.

“Essa espécie invasora tem um potencial muito grande de dispersão e de reprodução. Para se ter uma ideia, uma fêmea reproduz a cada quatro dias. Em um ano uma única fêmea pode ter 2 milhões de ovos fecundados. Lembrando que esse peixe não tem nenhum predador no meio ambiente”.

A expedição coordenada pelo Labomar foi realizada com 12 pesquisadores de universidades públicas, além de pescadores da cidade de Acaraú e Camocim. Ela percorreu uma área de quase 200 km e foi feita com apoio do Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio).

É a quarta captura do peixe leão no Brasil, identificando a maior concentração do peixe invasor no litoral do país.

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