A pesca e comercialização do peixe piracatinga está proibida em todo o país. Essa decisão pode inibir a captura predatória do boto. 
A portaria interministerial foi publicada esta semana em conjunto pelo Ministério da Pesca e Aquicultura e pelo Ministério do Meio Ambiente e Mudança Climática. A proibição é por tempo indeterminado e poderá ser reavaliada em até três anos.
Com a publicação do documento, deixa de valer uma moratória temporária que tratava da proibição da pesca do piracatinga, em vigor desde 2015, e que já havia sido estendida três vezes,
Para ambientalistas e pesquisadores, a decisão influencia diretamente na proteção de outra espécie ameaçada de extinção na Amazônia: o boto. A pesca praticada no Brasil do peixe piracatinga, também conhecido como pintadinha, urubu d’água ou douradinha, dependendo da região do país onde é encontrado, utiliza a carne do boto como isca. A carne dos Jacarés também é ilegalmente utilizada, principalmente da espécie jacaré-açu, o maior encontrado no Brasil.
Segundo a ONG Sea Shepherd Brasil, que coordena ações ambientais de proteção ao boto, o peixe piracatinga não é de consumo típico amazonense, ou possui valor comercial no Brasil. Por isso, o grande volume capturado nos rios brasileiros é exportado ilegalmente para a Colômbia e Peru. Na Colômbia, inclusive, o comércio do pescado é proibido por ser considerado prejudicial à saúde pela alta concentração de mercúrio. Para a organização, além da pesca ilegal é preciso intensificar a fiscalização da venda dos filés de piracatinga no Brasil, onde ele é vendido de forma fraudulenta como filé de surubim e de tucunaré.
A reavaliação da proibição será feita em até três anos, por meio de pesquisas que venham demonstrar a sustentabilidade da atividade pesqueira. Até lá, está autorizada apenas a pesca de subsistência e o transporte de até cinco quilos da espécie piracatinga, exclusivo para a alimentação do pescador e de sua família. A captura com fins de pesquisa científica também está permitida.
