Brasil está entre os países com maior área atingida por deslizamentos
O Brasil está entre os 10 países com a maior área atingida por deslizamentos de terra. Nos últimos 20 anos, foram registradas 5 mil ocorrências fatais que afetaram a vida de mais de 300 mil pessoas. Dos 5,5 mil municípios brasileiros, mais de 4 mil deles não possuem sistema de alerta de desastres.
As informações foram divulgadas durante a mesa-redonda "Crise climática e desastres como consequência do El Niño 2023-2024: impactos observados e esperados no Brasil", promovida pela Academia Brasileira de Ciências.
Para contornar o problema da falta de informações precisas em relação à probabilidade de desastres naturais, a secretária do Ministério da Ciência Tecnologia e Inovação, Marcia Barbosa, anunciou a criação de um grupo para monitorar essas ocorrências, geralmente motivadas por chuva ou calor extremos.
Essa é a segunda vez no ano em que diversos estados brasileiros passam por uma onda de calor. A primeira foi em setembro, considerada como uma possível consequência das anomalias climáticas resultantes do El Niño, de acordo com a professora de Oceanografia da Universidade Federal de Santa Catarina, Regina Rodrigues.
Segundo a especialista, saímos de uma La Niña Múltipla, que durou de 2020 a 2022, e entramos em um El Niño extremo, que tem como consequência mais recente a redução de 20% na quantidade de água disponível no hemisfério sul. O El Niño é um fenômeno natural, mas que é afetado pelas mudanças climáticas que intensificam seus efeitos. Ela explica que existem dois tipos de El Niño.
Além das ondas de calor marinhas e terrestres, outras ocorrências resultantes das mudanças no clima são secas e enchentes. Entre as ações e medidas de adaptação para o enfrentamento da crise climática, os créditos de carbono são apontados como uma das estratégias para promover a descarbonização e incentivar práticas sustentáveis.
Uma análise divulgada pela Organização Meteorológica Mundial, vinculada à ONU, aponta que o El Niño deve atingir seu pico, em todo o mundo, no primeiro semestre do ano que vem. No Brasil, os especialistas presentes ao encontro concluíram que os impactos do El Niño devem chegar no auge em dezembro e janeiro próximos, com intensificação de secas, inundações e queimadas por todo o país.