A quantidade de golfinhos de água doce mortos continua muito acima do normal na região amazônica, principalmente, nas cidades de Coari e Tefé, no Médio Rio Solimões, interior do Amazonas. Desde o início da operação emergencial em Coari, há mais de três semanas, equipes da Prefeitura, da Universidade Federal do Amazonas e do Instituto de Desenvolvimento Sustentável Mamirauá já contabilizaram 75 carcaças de animais mortos, entre botos e tucuxis.
Entre setembro e outubro, foram registradas outras 155 mortes de botos e tucuxis na cidade de Tefé, a 200 quilômetros dali. As duas espécies de golfinhos de água doce estão ameaçadas de extinção.
Os lagos Coari e Tefé possuem características semelhantes. Os dois têm um formato afunilado que desemboca no rio Solimões e estão hoje com nível de água muito abaixo do normal, perto do recorde histórico de 2010.
No início deste mês, foi instaurado o Sistema de Comando de Incidente na região e agentes do Instituto Chico Mendes de Conservação montaram um Posto de Comando em Coari. Foi observada a proliferação de algas que podem produzir uma substância tóxica para peixes, mas não se sabe os efeitos para mamíferos aquáticos. A análise da água não indica alteração significativa nos dois lagos.
A principal hipótese para as mortes está ligada à alta temperatura da água. No lago Tefé, ela chegou a cerca de 40 graus. No lago Coari, as temperaturas só passaram a ser medidas após o início das mortes. Alguns animais encontrados tinham ferimentos por objeto cortante ou redes. Também foram encontradas partes de outros animais, como o peixe-boi, igualmente ameaçado.
De acordo o Instituto Mamirauá, é muito cedo para chegar a conclusões, mas há possibilidade que essa situação esteja se repetindo em outros lugares da região.