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Publicações científicas no Brasil sofrem queda de quase 8% em 2023

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Madson Euler* - repórter da Rádio Nacional
30/07/2024 - 16:04
São Luís
Brasília (DF) 12/01/2024 - A pesquisadora Ana Lucia Tabet Oller Nascimento, do Laboratório de Desenvolvimento de Vacinas do Butantan.
Foto: Butantan/Divulgação
© Butantan/Divulgação

A publicação de artigos científicos no Brasil caiu 7,2% em 2023 na comparação com o ano anterior, segundo relatório da editora Elsevier e da agência de notícias Bori, divulgado nesta terça-feira (30). A área de conhecimento que sofreu a maior baixa na produção de artigos foi a de ciências médicas, com diminuição de 10% no ano passado. 

É a segunda queda consecutiva: no relatório anterior, que comparava dados de 2021 com 2022, a redução havia sido de 8,5% em número de publicações científicas. 

O levantamento considerou países que tiveram mais de 10 mil publicações anuais. O Brasil não foi o único a registrar redução na produção científica no ano passado. A queda do indicador, no entanto, foi maior do que a verificada em países com grau de desenvolvimento próximo como México, África do Sul e Argentina.

Os dados são apurados desde 1996, quando começou a série histórica. Antes dessas quedas, a produção científica brasileira manteve crescimento constante durante 25 anos. O volume de artigos é considerado um indicador do trabalho dos cientistas. 

Um dos fatores da queda generalizada em mais de 30 países foi a pandemia de covid-19, segundo Dante Cid, vice-presidente de Relações Institucionais para a América Latina da Elsevier, editora holandesa com atuação multinacional, especializada em conteúdo técnico-científico e de saúde e uma das responsáveis pelo relatório.

“Tínhamos recém saído da pandemia e a pandemia havia tido um papel nisso, através do impedimento de prosseguimento de alguns projetos de pesquisa e por consequência da publicação dos seus resultados. Nós podemos assumir que esse efeito vem em médio prazo; significa, vem em dois, três anos, é que você sente lá na ponta a publicação científica, o resultado daquele impacto lá atrás, do começo dos projetos de pesquisa. É um processo que leva alguns anos para se consolidar, dependendo do projeto de pesquisa”. 

Dante destaca que a diminuição de publicações de maneira mais acentuada em países como o Brasil também pode ter sido influenciada por um menor volume de investimentos feitos em pesquisa científica.

“Nos anos anteriores, até 2022, durante cinco, seis anos, houve uma redução paulatina da quantidade de verbas disponíveis para projetos de pesquisa. E isso, infelizmente, veio ocasionar a agravar essa redução das publicações por conta de haver menos verba para projetos de pesquisa. A boa notícia é que nos últimos dois anos nós vimos o crescimento dessa disponibilidade de verbas para projetos de pesquisa. Então, cremos que daqui a dois três anos a gente vai voltar a ver a produção brasileira crescendo. Essa é a expectativa”.

No ano passado, o governo federal reajustou em 40% os valores das bolsas federais de mestrado e doutorado, e as liberações setoriais do Fundo Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico ultrapassaram o montante de R$10 bilhões. A perspectiva para este ano é de que o fundo financie R$12 bilhões em pesquisa.

* Com informações da Agência Brasil e produção de Tâmara Freire

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