'Juiz conversar com a acusação faz parte da tradição jurídica brasileira', diz Sérgio Moro
Véspera de feriado e o plenário da Comissão de Constituição e Justiça do Senado ficou lotado para ouvir as explicações do ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro.
Aos parlamentares, ele negou qualquer tipo de conluio para condenar ou favorecer determinadas pessoas nas investigações da Lava Jato e voltou a chamar a reportagem do site The Intercept Brasil de sensacionalista.
Segundo ele, é comum juiz conversar com a acusação, faz parte da tradição jurídica brasileira.
Moro destacou os números da operação mostrariam que não houve conluio entre ele e os procuradores.
Segundo o ministro, o ministério público recorreu em 44 das 45 sentenças da operação Lava Jato e ele absolveu 21% dos acusados, o que revelaria que não houve convergência total entre acusação e juiz.
Nos diálogos divulgados pelo site Intercept Brasil, Moro trata de diversos assuntos com procurador coordenador da Lava Jato, Deltan Dallagnol. Entre eles, aspectos envolvendo o processo do Triplex, relativo ao ex-presidente Lula, e uma ação contra o ex-presidente Fernando Henrique Cardoso.
Moro comentou que não pode reconhecer a autenticidade destas conversas e que não tem mais as mensagens pois, segundo ele, apagou o aplicativo de mensagens do celular ainda em 2017.
Mas para alguns senadores, os diálogos revelam uma quebra da imparcialidade e da distância que juízes deveriam ter entre as partes do processo.
Por outro lado, o ministro Sérgio Moro foi defendido por alguns senadores, que alegaram que ele prestou um belo serviço à sociedade à frente da Lava Jato e que os supostos diálogos não comprometem esse trabalho.