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Política

Bolsonaro exibe mensagens trocadas com ex-ministro em tela do celular

Tela de Celular
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Victor Ribeiro
06/05/2020 - 08:40
Brasília

O presidente Jair Bolsonaro mostrou à imprensa e a admiradores o trecho de uma conversa por mensagem de texto que teria ocorrido entre ele e o então ministro da Justiça, Sergio Moro. Bolsonaro exibiu o conteúdo das mensagens diretamente na tela do telefone celular, no fim da tarde dessa terça-feira (05), na entrada do Palácio da Alvorada.


Começa com o presidente enviando o link de uma postagem do site “O Antagonista”, com o título “Polícia Federal na cola de 10 a 12 deputados bolsonaristas”. Ao que Moro teria respondido: “Isso é fofoca. Tem um delegado da Polícia Federal atuando por requisição no inquérito das fake news e que foi requisitado pelo Ministro Alexandre. Não tem como negar o atendimento à requisição do STF”.


O ministro do Supremo Tribunal Federal Alexandre de Moraes é o relator de um inquérito que investiga a autoria de mentiras, as fake news, ameaças e ofensas contra ministros da Corte e familiares. Na semana retrasada, após anunciar a demissão, Sergio Moro enviou à TV Globo uma imagem da tela do celular, em uma suposta conversa com Jair Bolsonaro. Na versão de Moro, não aparece o trecho em que ele dá detalhes da investigação.


Nessa terça, alguns veículos de imprensa tiveram acesso a uma versão vazada do que seria o depoimento do ex-ministro Sergio Moro, prestado à Polícia Federal no último sábado. Bolsonaro disse que vai analisar as declarações para decidir o que fazer.


O interrogatório do ex-ministro foi na Superintendência da Polícia Federal em Curitiba e durou cerca de oito horas. A íntegra do depoimento tem 10 páginas e faz parte do inquérito aberto no Supremo Tribunal Federal para investigar a veracidade das declarações de Moro na entrevista em que anunciou a saída do governo.


Sergio Moro não atribuiu nenhum crime a Jair Bolsonaro. Disse que essa conclusão caberia aos investigadores. Sobre as investigações sigilosas, Moro disse que o presidente recebia relatórios após as operações, conforme ocorria em governos anteriores. E acrescentou ter achado estranho Bolsonaro justificar que a demissão do ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo ocorreu por falta de acesso a esses documentos.


Nessa terça, Bolsonaro negou ter pedido relatórios sigilosos à Polícia Federal. O ex-ministro disse, ainda, que, em 16 meses de gestão, a Polícia Federal trocou duas vezes a direção da Superintendência no Rio, a pedido do presidente. E que teria sido contra uma terceira mudança, para preservar a credibilidade da instituição. Sergio Moro disse ter recebido de Bolsonaro uma mensagem que dizia: “Moro você tem 27 superintendências, eu quero apenas uma, do Rio de Janeiro”.


A conversa teria ocorrido no mês de março, mas o ex-ministro afirmou que não tinha mais essa mensagem. De acordo com Moro, ele só entregou as mensagens trocadas com o presidente durante duas semanas, porque teria apagado o material após uma suposta invasão do celular dele por hackers.


Jair Bolsonaro afirmou que, ao divulgar para a imprensa uma conversa envolvendo o presidente da República, Moro pode ter cometido um crime.


Na noite dessa terça-feira (05), o relator do inquérito no Supremo Tribunal Federal, ministro Celso de Mello, determinou a intimação de 10 possíveis testemunhas citadas no depoimento de Sergio Moro. São os ministros da Secretaria de Governo, Luiz Eduardo Ramos, do Gabinete de Segurança Institucional, Augusto Heleno e da Casa Civil, Walter Braga Netto, a deputada federal Carla Zambelli, o ex-diretor-geral da Polícia Federal Maurício Valeixo, e outros cinco delegados da PF.

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