Em uma cerimônia bem diferente das que estamos acostumados a ver em solenidades do Palácio do Planalto, a ministra Sônia Guajajara assumiu nesta quarta-feira o Ministério dos Povos Indígenas e Anielle Franco, o Ministério da Igualdade Racial.
As novas ministras e o presidente Lula foram recebidos ao som de um grupo de Afoxé. Os tambores deram o tom da entrada.
O hino nacional foi entoado em Ticuna, uma língua indígena.
Pela primeira vez, indígenas e seus cantos e rituais foram protagonistas de uma cerimônia em um salão nobre do Palácio do Planalto, que estava completamente lotado.
Um momento simbólico para a democracia brasileira, que emocionou os presentes.
Anielle Franco, que vai comandar o Ministério da Igualdade Racial, é jornalista e professora, ativista feminista e antirracista. Ela é uma das criadoras do Instituto Marielle Franco, fundada após o homicídio da irmã, a então vereadora no Rio de Janeiro, em 2018.
Anielle chorou ao lembrar de Marielle, em seu discurso a professora defendeu temas como o combate ao racismo e à violência contra população negra.
Já Sônia Guajajara é a primeira deputada federal indígena eleita pelo estado de São Paulo, e também a primeira indígena ministra do Brasil. Por sua luta pelo reconhecimento dos direitos dos povos indígenas, em maio do ano passado foi eleita pela revista norte-americana Time como uma das 100 pessoas mais influentes do mundo.
A nova ministra anunciou a volta do Conselho Nacional de Política Indigenista, criado no governo Dilma. Ela afirmou que os povos originários vivem uma crise humanitária no Brasil. Citou como causas as invasões de territórios, o desmatamento, o garimpo ilegal, a falta de assistência adequada em saúde e saneamento. A nova ministra também criticou o estereótipo criado do povos indígenas.
Após as posses, o presidente Lula assinou a sanção presidencial do projeto de lei que tipifica injúria racial como crime de racismo.