Em posses, Lira e Pacheco discursam pela democracia e contra golpismo
Depois de terem sido reeleitos presidentes da Câmara e do Senado, Arthur Lira e Rodrigo Pacheco fizeram discursos enfáticos em favor da democracia e de combate ao golpismo.
Lira, que é do PP, venceu com ampla margem - 464 votos - e vinha adotando um tom mais ameno nas falas. Desta vez, foi firme: é hora de desinflamar o Brasil e distensionar as relações.
“Esta Casa não acolherá, defenderá ou referendará nenhum ato, discurso ou manifestação que atente contra a democracia. Quem assim atuar, terá repulsa deste Parlamento, a rejeição do povo brasileiro e os rigores da lei. Aos vândalos, instrumentadores do caos que promoveram o 8 de janeiro passado, eu afirmo: no Brasil, nenhum regime político irá prosperar fora a democracia. Jamais haverá um Brasil sem eleições livres, e representantes escolhidos pelo voto popular. Jamais haverá um Brasil sem liberdade”.
Rodrigo Pacheco, do PSD, foi na mesma linha. Ele venceu a eleição com 49 votos, ficando à frente do adversário Rogério Marinho (PL), que obteve o apoio de outros 32 parlamentares - inclusive de Eduardo Girão (Podemos), que também era candidato, mas desistiu da disputa durante a sessão.
Pacheco atacou o discurso golpista, fez uma defesa enfática da democracia e condenou o que chamou de "polarização tóxica". Inclusive atribuiu à ela os atos terroristas na Esplanada dos Ministérios em 8 de janeiro. E afirmou que tais acontecimentos não podem e não vão se repetir:
“Portanto, nosso compromisso é redobrado de buscar a pacificação, de buscar a estabilidade, mas sem esquecer um só minuto daquilo que aconteceu no Brasil de ofensa à democracia brasileira. Nós tivemos presentes, neste Senado Federal, pessoas que depois estavam vinculadas a atos terroristas, de bomba em caminhão, que participaram de audiências públicas no Senado Federal. Quero afirmar aos senhores que nós nunca mais permitiremos acontecimentos desse tipo - que esta Casa seja usada para fomentar atos antidemocráticos, questionamentos antidemocráticos de instituições brasileiras.
Ele disse ainda que o discurso de ódio, o discurso golpista, deve ser desmentido, desestimulado e combatido por todos, sem exceção - cobrando dos líderes partidários esse compromisso. Falou também em combate assertivo à desinformação nesse sentido, e que os interesses do país estão acima de tudo.
Após a eleição, o presidente Lula telefonou para Lira e para Pacheco e os parabenizou. Disse a eles que o Brasil precisa de instituições fortes e democráticas. A eleição para a Mesa do Senado continua hoje (2), com escolha de dois vices, quatro secretários e quatro suplentes. E à tarde, reinauguração dos trabalhos no Legislativo, com a leitura da mensagem presidencial.
O trânsito na Esplanada continua fechado, dentro daquelas medidas de segurança e também por conta dessa sessão solene.