8/01: Psicólogo aponta insurgência da extrema direita
Para a senadora Eliziane Gama (PSD-MA), relatora da CPMI que investigou os ataques antidemocráticos de 8 de janeiro, a intenção de Bolsonaro seria estimular “uma insurreição que deixasse os poderes constituídos de joelhos; uma rebelião que enfraquecesse o governo que apenas começava e que espalhasse o caos”.
Para Tales Ab´Sáber, psicólogo, escritor, cineasta e professor de filosofia da psicanálise no curso de Filosofia da Universidade Federal de São Paulo (Unifesp), acrescenta o 8 de janeiro “foi uma insurgência de extrema direita que contava com conexão mágica e imaginária com as Forças Armadas, que viriam salvar o Brasil".
“É muito ambíguo o comportamento político do Exército no período bolsonarista. Eles liberaram os nomes pra uma adesão total ao bolsonarismo, mas mantiveram a instituição no limite da legalidade”, aponta.
Segundo o acadêmico, os apelos autoritários têm lastro histórico e estão registrados nas manifestações nas redes sociais de 2015 e 2016, antes do impeachment de Dilma Rousseff.
“15% das manifestações anti-Dilma pediam uma intervenção militar. 15% era uma extrema direita, que exatamente lembrava essa fantasia política de que o Exército é superior ao processo social brasileiro, ele vem do alto como um Messias purificado. Essas pessoas, então, estavam ativando o mito da exterioridade de um lugar puro, como se o Exército não fizesse parte disso, o que não é verdade”, analisa o psicólogo.
Tales Ab´Sáber é um dos dirigentes do documentário “Intervenção - Amor não quer dizer grande coisa”. O filme traz uma coletânea de manifestações, em vídeo, dos golpistas nas redes sociais. O documentário foi exibido na mostra paralela da 50ª edição Festival de Brasília do Cinema Brasileiro, de 2017.