PF diz que ainda não há lista conclusiva de espionados pela Abin
Após a divulgação de uma lista extraoficial com nomes de pessoas supostamente espionadas ilegalmente pela Agência Brasileira de Inteligência (Abin) na gestão passada, a Polícia Federal (PF) informou que “não há, até o momento, informações conclusivas referentes a todos os titulares e usuários das linhas telefônicas monitoradas”.
Com isso, a PF diz em nota que não procedem as informações “referentes a nomes de autoridades ou outras pessoas eventualmente monitoradas” e que “as investigações seguem em sigilo, sem data prevista para encerramento”.
A lista em circulação menciona 21 nomes de pessoas que foram supostamente monitoradas pela Abin. Além de parlamentares, há três ministros do Supremo Tribunal Federal (STF) e ex-ministros do governo Jair Bolsonaro. Apesar da negativa da PF, alguns citados se manifestaram sobre o assunto.
O líder do governo no Congresso Nacional, senador Randolfe Rodrigues, disse, em nota, que qualquer indício de violações do direito à privacidade deve ser “rigorosamente apurado e punido”. Randolfe ainda destacou que a maioria dos parlamentares citados na lista eram integrantes da CPI da covid-19 no Senado, como ele mesmo, que foi o vice-presidente da comissão.
Outro citado na lista, também da CPI, foi o senador Otto Alencar. Na rede social X, ele disse que as espionagens buscaram elementos para atacá-lo, mas que “perderam tempo”. Na mesma rede, o Senador Humberto Costa, que foi membro da CPI, publicou um vídeo e disse que recebeu a informação com “indignação”.
Um dos citados é o ex-ministro da Educação no governo Bolsonaro Abraham Weintraub, que acabou sendo demitido do cargo e passou a criticar o ex-presidente nas redes sociais. Após a divulgação da lista, ele também publicou um vídeo sobre o assunto.
Mais políticos na lista
A senadora Soraya Thronicke publicou na internet que vai “até as últimas consequências”, para descobrir, segundo ela, o porquê de ter até familiares monitorados. O senador Rogério Carvalho também escreveu no antigo Twitter que, durante a CPI da Pandemia, denunciou que estava sendo espionado, e que isso agora se confirma.
Outro nome revelado na lista extraoficial de espionagens ilegais é o de João Dória, governador de São Paulo à época. Na rede social, Dória manifestou “repulsa” à espionagem, e afirmou que o caso atinge a “essência da democracia”.
Investigação sobre espionagem
Em 25 de janeiro, a Polícia Federal realizou buscas e apreensões em endereços ligados ao deputado Federal Alexandre Ramagem, diretor da Abin durante o governo de Jair Bolsonaro. Os agentes da PF fizeram buscas na casa dele e no gabinete, na Câmara dos Deputados.
Dias depois, foi a vez de a PF ir a endereços ligados ao vereador do Rio de Janeiro Carlos Bolsonaro, também investigado por participar da chamada “Abin paralela”. Após a operação, o presidente do Senado, Rodrigo Pacheco, chegou a pedir ao STF acesso aos nomes de parlamentares que foram alvos das espionagens.