Nove em cada dez brasileiros querem mais mulheres na política

Nove em cada dez brasileiros consideram que a presença de mulheres na política contribui para melhorar o ambiente político e a sociedade em geral. É o que revela a pesquisa inédita intitulada “Por Mais Mulheres na Política”, realizada pelo Instituto Patrícia Galvão e pelo Ipec, com apoio do Ministério das Mulheres.
O estudo aponta também que 89% dos entrevistados querem mais mulheres como candidatas na próxima eleição. A maioria é favorável à presença feminina na política, mas, para 77% dos entrevistados, as mulheres não são estimuladas desde jovens a se interessar pelo meio. Além disso, 84% consideram que a pequena quantidade de mulheres em cargos políticos mostra que elas são discriminadas e que deveriam ter mais apoio para participar da política.
A advogada Laura Astrolabio é cofundadora de uma iniciativa chamada Tenda das Candidatas, que na última eleição ajudou mulheres candidatas a organizar suas campanhas eleitorais. Para a mestra em políticas públicas e em direitos humanos, um outro dado apontado pela pesquisa chama atenção: para quatro em cada dez brasileiros, os assédios e os ataques machistas dentro e fora dos partidos são uma das principais barreiras à participação das mulheres na política.
“Pra gente combater uma violência, a gente precisa nomear essa violência. Eu entendo que a gente precisa de políticas públicas e conscientização social para que as pessoas entendam que, quando falamos de assédio e machismo na política, nós estamos falando de violência política de gênero e raça. As pessoas precisam saber o que é violência política de gênero e raça. Precisam saber que é um crime e precisam saber que é preciso combater”, destaca Laura.
Discriminação e ataques machistas contra a mulher na política são indicados pela pesquisa como as principais barreiras para o aumento da participação feminina no meio.
Esta semana, a ministra do Meio Ambiente e Mudança do Clima, Marina Silva, se posicionou sobre a declaração de incitação à violência do senador Plínio Valério (PSDB-AM) contra ela durante um evento no Amazonas.
“A violência política de gênero acontece o tempo todo. Eu fico imaginando, alguém que é ministra do Meio Ambiente, alguém que, de certa forma, é conhecida dentro e fora do país, tem que ouvir uma coisa dessa de alguém incitando a violência por discordar de alguém, porque isso é uma forma de incitar a violência contra uma mulher. Dificilmente, talvez, isso fosse dito se o debate fosse com um homem”.
A pesquisa revelou também que, ao escolherem as principais razões para votar em uma mulher, 36% apontam sua maior capacidade de organização e 34% defendem a visão de que as mulheres devem participar da vida pública e das decisões políticas.
Os brasileiros identificam a saúde e a educação como as áreas que mais registrariam avanços e melhorias se os cargos de poder no Executivo ou no Legislativo fossem ocupados por mulheres.





