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Saúde

Lidar com a prematuridade pode deixar marcas profundas na família

Estudos científicos apontam que mãe deve ser acolhida e amparada
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Anna Luisa Praser
17/11/2020 - 19:41
Brasília

“Você chega em casa e vê o bercinho vazio e vê as coisas todas arrumadinhas esperando eles chegarem e eles não estão ali com você. Mesmo que você saiba que eles estão sendo bem cuidados ali no hospital mas sair do hospital e deixar eles para trás é uma sensação de abandono muito grande”.

O relato é da jornalista Kátia Paiva, mãe de gêmeos prematuros. O nascimento deles precisou ser antecipado com 33 semanas de gestação, porque um dos bebês estava com restrição de nutrição. Apesar da médica dela já vir alertando que o nascimento poderia ser antecipado por se tratar de uma gestação gemelar, Kátia compartilha que ainda assim foi difícil lidar com todo esse processo. Para ela, o momento mais difícil foi sair do hospital e ter que deixar ar crianças para trás.

Uma gestação em condições normais pode durar até 42 semanas. Mas alguns acontecimentos inesperados no meio do caminho podem fazer com crianças nasçam antes do tempo. Chamamos prematuras as crianças que chegam ao mundo antes das 37 semanas e que, em grande parte dos casos, vão precisar de uma atenção especial desde o início da vida, já que ainda não estavam totalmente preparados para nascer, como detalha a Terapeuta Ocupacional da Unidade Neonatal do Hospital Regional de Ceilândia, no Distrito Federal, Hellen Delchova.

“Os cuidados que um prematuro precisa, principalmente quando ele nasce, são cuidados de uma UTI neonatal. O prematuro precisa de incubadora, medicamentos, precisa de respiradores, dependendo da idade gestacional, então é um bebê que na maior parte das vezes vai precisar de assim que nasce. O tempo de hospitalização depende muito de cada bebê, podendo ser dias, semanas e até meses de hospitalização”.

A necessidade De um suporte a mais adia o início da maternidade ativa: o pele a pele, a amamentação na primeira hora de vida, o primeiro contato. Tudo isso precisa ser deixado para depois. Todas as expectativas do primeiro encontro dão espaço, por um tempo, à sensação de impotência.

O processo de ter que lidar com a prematuridade pode deixar profundas marcas não só na criança mas em toda a família. Por isso, para a presidente da Ong Prematuridade, Denise Suguitani, é preciso de olhar especial voltado ao amparo do que passam por essa situação.

“A experiência da prematuridade realmente é impactante. Ela pode gerar um estresse pós-traumático comparado com que é vivido em guerras e isso é comprovado por estudos científicos, então realmente é um momento onde a família precisa ser acolhida e amparada para que essa experiência seja o menos traumática possível”.

O nascimento prematuro pode ocorrer por diversas causas. No entanto, grande parte dos nascimentos nessas condições poderiam ser evitados com um pré-natal adequado que inclua exames feitos no tempo correto, acompanhamento médico apropriado e, pelo menos, cinco consultas para as gestações consideradas normais.

No Brasil, Todos os anos nascem em torno de 340 mil prematuros, de acordo com levantamento do Ministério da Saúde. Esses números representam uma fatia de 12% do total de nascimentos do país e nos coloca entre as 10 nações do planeta com o maior número de partos pré-termo.

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