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Saúde

Método Canguru traz aconchego a bebês prematuros

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Anna Luísa Praser
18/11/2020 - 16:22
Brasília

A chegada de um bebê prematuro muda todo o olhar sobre essa criança. A médica Iva Maranhão, coordenadora de uma UTI neonatal em Araguaína, no Tocantins, descreve um pouco sobre essa atenção especial:

Sonora: “são bebês que enfrentam grandes desafios. Eles saem de um ambiente seguro, um ambiente tranquilo, um ambiente silencioso onde eles estavam extremamente confortáveis para um ambiente ruidoso, frio, iluminado, onde eles experimentam várias sensações desagradáveis durante o dia todo: punções venosas, coleta de exames, ventilação artificial, manuseio, troca de fraldas, banho, tudo o que eles não sofriam durante a gestação”.

Para reduzir o desconforto, o estresse e ajudar no desenvolvimento que foi interrompido com o nascimento antecipado, o Brasil tem usado há anos o método canguru, trazido da Colômbia. A Day Zedradek, mãe do Frederico - que nasceu com 31 semanas - conta um pouco da experiência deles:

Sonora: “era um momento de extrema emoção para nós, pais, por sentirmos o nosso filho juntinho da gente, e era visível o quanto, aconchegado no nosso colo, sentindo a nossa pele”.

É cada vez mais comum dentro de UTIs neonatais o ambiente hospitalar dar espaço ao aconchego. Em um hospital público do Distrito Federal, sentada numa cadeira, uma mãe aninha o bebezinho entre os seios. Nada impede o contato dos dois. Confortado, o pequenino dorme tranquilamente, num toque pele a pele, embalado pelas batidas do coração materno. E eles ficam assim, mãe e filho, aprimorando aqui fora, as conexões que começaram ainda dentro do ventre.

A cena, cheia de afeto, emociona. É fácil entender porque essa prática se chama método canguru. É que quem olha de fora, enxerga nitidamente uma espécie de casulinho, formado pela mãe com um tecido, enquanto segura o bebê, igualzinho a bolsinha do canguru fêmea, usada para gestar, carrega e nutrir o filhote.

 

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A aplicação desse método começa no hospital, mas pode e deve continuar em casa, pelo menos até que o recém-nascido atinja dois quilos e meio. Aliás, um bebê prematuro requer uma série de cuidados que não se encerram com a alta hospitalar, como detalha a terapeuta ocupacional Hellen Delchova.

Sonora: "é um bebê que não vai poder sair para alguns lugares nos primeiros meses de vida, não vai poder receber visita nos primeiros meses de vida devido à imunidade baixa. É um bebê que está mais suscetível a pegar infecções e a adoecer, consequentemente”.

Ao longo do desenvolvimento de um prematuro, os pais precisam ter algo em mente: talvez essa criança demore mais para fazer algumas coisas, como engatinhar, andar e falar. Isso acontece porque os marcos de desenvolvimento passam a ser observados de uma forma diferente: a habilidades serão consideradas a partir da idade corrigida: que é a que ele deveria ter se tivesse nascido com 40 semanas de gestação.

Para esses casos, o ideal é um acompanhamento multidisciplinar com fonoaudiólogos e fisioterapeutas, por exemplo, que possam ajudá-las a se desenvolverem plenamente, de acordo com suas necessidades.

Amanhã, na última reportagem da série sobre prematuridade, falaremos sobre os direitos dos pais de prematuros, e sobre a possibilidade de ter mais tempo para acompanhar de perto os primeiros dias de vida desses bebês.

Produção: Michelle Moreira

Sonoplastia: Messias Melo

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