Covid cresce entre ricos de São Paulo, mas pobres ainda são maioria
Mais de 14% da população da cidade de São Paulo já contraiu o coronavírus. O dado deixa de fora a população de rua, que protestou em frente a prefeitura nessa quinta-feira.
A prefeitura de São Paulo divulgou o resultado do novo inquérito sorológico feito entre os dias 05 e 07 de janeiro deste ano.
Os números mostram que aumentou a prevalência de pessoas infectadas pelo novo coronavírus na cidade. O índice ficou em 14,1%. No final do ano passado estava em 13,6%.
A proporção de casos continua sendo maior entre pessoas pretas e pardas, 15,6%, contra 12,8% entre brancos.
Quase 21% das pessoas que precisam sair para trabalhar e 17% dos desempregados já contraíram o coronavírus, contra 8% das pessoas que conseguem trabalhar de casa.
A proporção de casos nos bairros mais ricos da cidade aumentou mais de 2,5 vezes. Saltou de 4,6% em outubro do ano passado para 11,9%.
Mas os bairros mais pobres, nas periferias da cidade, continuam sendo os mais castigados pela pandemia. Nessas regiões a prevalência ainda é de 22%, praticamente o dobro da registrada nos bairros ricos.
O inquérito é feito com a testagem de pessoas nos domicílios – e deixa de fora um grupo bastante vulnerável: as pessoas que vivem nas ruas.
Enquanto o vice-prefeito, Ricardo Nunes, apresentava os dados do inquérito sorológico, pessoas em situação de rua faziam um protesto. Elas fecharam o Viaduto do Chá, que dá acesso ao prédio da prefeitura, para criticar o corte nos programas assistenciais, como explicou o coordenador do Movimento Estadual da População de Rua, Robson Mendonça.
Durante a coletiva, a prefeitura não quis comentar o protesto. Nós entramos em contato para checar as medidas que estão sendo tomadas para apoiar essas pessoas, mas não houve retorno até o fechamento da edição.
Segundo o último censo, em 2019, a população de rua era de mais de 24 mil pessoas, o equivalente à população inteira do Núcleo Bandeirante, no Distrito Federal. A estimativa dos movimentos sociais é que, desde o começo da pandemia, o número de pessoas dormindo nas calçadas, embaixo de marquises e em barracas espalhadas pela cidade praticamente dobrou.