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Saúde

Jogo de computador pode estimular atenção em crianças com autismo

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Eliane Gonçalves - Repórter da Rádio Nacional
27/09/2021 - 20:00
São Paulo

CPAT é a sigla em inglês para Programa Computadorizado de Treinamento de Atenção. Uma espécie de videogame que está sendo testado em crianças com autismo, e que tem mostrado resultados promissores.

A tecnologia foi desenvolvida por pesquisadores da universidade de TelAviv, em Israel, e Birghman, na Inglaterra, para crianças com TDAH, o transtorno de deficit de atenção.

Una vez que mais da metade das crianças com autismo também enfrentam déficit de atenção, pesquisadores brasileiros resolveram testar os games em crianças e adolescentes com espectro autista.

Ao todo, 26 crianças entre 8 e 14 anos foram acompanhadas em sessões de jogos de computadores. 14 delas usaram os jogos do CPAT. 12 tiveram acesso a outros tipos de videogames. Antes de começarem as sessões, as crianças dos dois grupos tinham nível acadêmico e sintomas de autismo similares.

Depois de 2 meses, todos os voluntários que usaram o CPAT tiveram desempenho melhores em testes de atenção, escrita, leitura, matemática e de inteligência.

Os resultados foram publicados na revista Autism Research, uma da revistas científicas da área mais importantes do mundo.

Para Maria Cristina Teixeira, professora da Universidade Mackenzie e pesquisadora do Departamento de Psiquiatria da Universidade Federal de São Paulo, a grande vantagem da tecnologia é que ela é de fácil acesso e pode ser usada em larga escala.

O atendimento especializado para pessoas com autismo é um desafio no país. Em 2015, um estudo com 1.000 famílias com crianças, jovens ou adultos com autismo, mostrou que 37% delas não recebiam qualquer tipo de atendimento especializado.

O estudo com o CPAT ainda é piloto e por enquanto só está acessível para crianças e adolescentes voluntários que participam da pesquisa. Mas Maria Cristina fala em novos desdobramentos da pesquisa que prometem ampliar o acesso.

Além disso, outras modalidades de jogos, em formato de cartas, estão sendo desenhadas para crianças mais novas. Segundo a OMS, a Organização Mundial de Saúde, uma cada 160 crianças no mundo é portadora de algum grau de autismo.

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