A aplicação de duas doses da vacina AstraZeneca, produzida no Brasil pela Fundação Oswaldo Cruz, confere alta proteção em idosos contra a variante Gama do novo coronavírus. É o que revela um estudo publicado nesta quinta-feira (28) na revista científica britânica Nature Communications.
A variante surgiu em Manaus, no fim de 2020, e foi responsável pela segunda onda da Covid no Brasil, de fevereiro até junho deste ano. Atualmente, a mutação com maior prevalência no país é a Delta, surgida na Índia.
O estudo publicado pela revista, com base em dados coletados em São Paulo, mostrou que a segunda dose eleva em cerca de 30% a proteção contra a morte por complicações da doença em relação à aplicação da primeira, alcançando uma efetividade de 93,6% na faixa etária acima dos sessenta anos.
O estudo envolveu 20 pesquisadores do Brasil, dos Estados Unidos e da Espanha e foi coordenado pelo médico infectologista Julio Croda, da Fiocruz Mato Grosso do Sul.
O especialista explicou que a pesquisa buscou fornecer dados sobre a eficiência da vacina entre os idosos, já que o envelhecimento causa uma perda natural na imunidade. E reforçou a importância dessas pessoas completarem o esquema vacinal, para garantir uma melhor proteção, já que está provada a efetividade do imunizante.
A pesquisa foi feita após ensaios clínicos em outros países indicarem uma queda na efetividade da primeira dose das vacinas contra as novas variantes do coronavírus. A análise teve como público alvo mais de 61 mil pessoas.
Após 28 dias da primeira dose, a eficiência contra a covid-19 sintomática entre os idosos era de 33,4%, sendo de 55,1% contra hospitalização e de 61,8% na queda de letalidade. A medição feita 14 dias após a segunda dose mostrou que a efetividade aumentou para 77,9% contra a doença sintomática, 87,6% de queda nas hospitalizações e de 93,6% no risco de morte.