A falta de saneamento básico ainda é um desafio a ser vencido pelo país e impacta diretamente na saúde dos brasileiros. Com mais de 273 mil internações por doenças que são transmissíveis por organismos levados pela água como diarreia, dengue, leptospirose, esquistossomose e malária, o Brasil gastou mais de R$ 108 milhões com hospitalizações em 2019.
Os dados são do novo estudo do Instituto Trata Brasil, realizado com base em dados públicos do Sistema Nacional de Informações sobre Saneamento e do DATASUS, do Ministério da Saúde.
As regiões Norte e Nordeste apresentaram as maiores incidências de internações e são aquelas com as piores condições de saneamento básico, como explica o pesquisador Rubens Filho, um dos responsáveis pelo levantamento.
De acordo com a pesquisa, em 2019, a falta de acesso à água tratada e à coleta e tratamento de esgoto resultou em mais de 2.700 mortes, uma média de 7,4 por dia. No Nordeste, os óbitos ultrapassaram mil casos, no Sudeste foram 907 e no Norte, 214.
As internações de crianças entre zero e 4 anos de idade correspondem a 30% do total, ou seja, mais 82 mil. Em 2019, ocorreram 124 mortes de crianças nessa faixa etária em decorrência de doenças de veiculação hídrica.
Dados preliminares apontam que o país teve 174 mil internações e 1.900 óbitos em 2020. Rubens Filho, do Trata Brasil, explica que essa aparente redução está relacionada à possíveis subnotificações em virtude da pandemia de Covid-19.
De acordo com uma pesquisa de saneamento básico do IBGE, em 2017, 99,6% dos municípios tinham abastecimento de água, mas apenas 60,3% das cidades tinham rede de esgoto.
*Com produção de Joana Lima