Pesquisadores do Instituto Butantan e da USP acompanharam a evolução da doença em macacos infectados com o Schistosoma mansoni, o verme que causa a esquistossomose, e descobriram que em casos de reinfecção o parasita não conseguiu completar seu ciclo de vida e parou de se reproduzir.
Os macacos observados na pesquisa são da espécie Rhesus e já tem naturalmente a capacidade de curar a doença, mas melhoraram essa habilidade depois de reinfectados. E é essa espécie de memória que pode apontar o caminho para a vacina.
O pesquisador do Instituto Butantan e professor da USP, Sergio Verjovski-Almeida, explicou que o desafio agora é identificar as proteínas do parasita que são vulneráveis aos anticorpos dos macacos.
Diferente dos macacos, os seres humanos não conseguem desenvolver sozinhos a cura e algumas pessoas podem passar anos com o parasita instalado no corpo até apresentarem as formas mais graves da doença, entre elas o esgotamento do fígado. Por ano, cerca de 200 mil pessoas morrem em todo o mundo em função da esquistossomose.
A doença tem tratamento, mas o remédio não impede a reinfecção e é justamente esse um dos maiores desafios para a erradicação da esquistossomose. Mesmo países que tentaram tratamentos em massa, como o Egito, nunca conseguiram a erradicação.
A pessoa é infectada ao entrar em contato com água doce onde existam caramujos hospedeiros do parasita. Ao entrar no sistema sanguíneo, os vermes se reproduzem. As fêmeas chegam a colocar 300 ovos por dia. Alguns se alojam em órgãos como o fígado. Outros são liberados para a natureza pelas fezes. Em contato com a água, esses ovos eclodem, as larvas voltam a se alojar nos caramujos e o ciclo recomeça.
A esperança da vacina é que ela possa interromper esse ciclo.
As conclusões do estudo foram publicadas na revista Nature, uma das revistas científicas mais importantes do mundo. No Brasil, a doença também é conhecida como barriga d´água e, segundo o Ministério da Saúde, cerca de 1,5 milhão de pessoas vivem em áreas de risco de contrai a doença. Os estados mais afetados estão no Nordeste e Sudeste do país.
Por estar associada a países tropicais e subtropicais, menos desenvolvidos, a esquistossomose é considerada uma doença negligenciada.
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Foto Lula Marques/ Agência Brasil"
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