14% das crianças brasileiras de até cinco anos apresentam deficiência da vitamina B12, que tem como principal fonte a carne vermelha. É o que aponta uma pesquisa inédita, divulgada nesta terça-feira, sobre o estado nutricional dessa faixa etária no país. O Enani 2019, Estudo Nacional de Alimentação e Nutrição Infantil, encomendado pelo Ministério da Saúde, mostra uma serie de deficiências alimentares e anemia identificadas nesse público.
Os dados foram colhidos e reunidos através de trabalho coordenado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro, em parceria com a Fundação Oswaldo Cruz e as Universidades do Estado do Rio de Janeiro e Federal Fluminense.
A região Norte é a que apresenta maior taxa de prevalência de crianças com carência da vitamina B12, 28,5%. No Sudeste a taxa fica em 14%, 12% no Centro-Oeste, 11,7% no Nordeste e, 9,6%, na região Sul. O estudo aponta que um dos fatores para essa alta prevalência pode ser a dificuldade de acesso a alimentos ricos nesse nutriente.
As desigualdades também aparecem no recorte econômico e no quesito raça/cor. A proporção de crianças com baixos níveis de B12 é maior entre as famílias mais pobres e crianças pretas e pardas.
A coordenadora-geral de Alimentação e Nutrição do Ministério da Saúde, Gisele Bortolini, afirmou que os dados da pesquisa já estão sendo utilizados para orientação de políticas do SUS.
O estudo ainda apontou deficiência de vitamina D, produzida principalmente pela exposição ao sol. 4,3% dos menores de cinco anos no Brasil apresentam falta desse nutriente. As regiões Sul e Sudeste são as que apresentam maior prevalência, com o problema afetando 7,9% das crianças do Sul e 6,9% no Sudeste.
Já em relação a anemia, o estudo mostrou melhora do cenário no país. A porcentagem de crianças com essa condição foi reduzida à metade nos últimos 13 anos, se situando em cerca de 10%, em 2019. O cenário foi registrado em todas as regiões brasileiras, à exceção do Norte, que apresentou aumento de 6,6% neste período.
Outra redução apontada no estudo é o da deficiência de vitamina A. Na pesquisa atual, 6% das crianças na faixa etária até 5 anos apresentaram essa condição no Brasil, contra 17,4% em 2006.
O Enani-2019 visitou mais de 12 mil domicílios brasileiros entre fevereiro de 2019 e março de 2020. Participaram do estudo mais de 14.500 crianças menores de 5 anos, de 123 cidades, em todos os estados do país e no Distrito Federal.