Pesquisa do INCA, Instituto Nacional do Câncer, mostra que o consumo do álcool deixa marcas genéticas que podem causar câncer de esôfago. O estudo inédito publicado pela revista Nature Genetics faz parte do projeto Mutographs, liderado pela Agência Internacional para Pesquisa em Câncer da Organização Mundial da Saúde e pelo Instituto Sanger do Reino Unido, e conta com pesquisadores de dez países. O INCA representa o Brasil e a América Latina no projeto.
Durante cinco anos, foram examinados 552 genomas de pacientes com câncer de esôfago de oito países, incluindo o Brasil. Aqui, um dos fatores de risco para o tipo mais frequente da doença, o carcinoma epidermoide, é o consumo de álcool, seguido pelo uso do tabaco.
O coordenador de pesquisador do INCA, Luis Felipe Ribeiro Pinto, explica que esse tipo de câncer, que acomete principalmente homens, entre 55 e 65 anos, só manifesta sintomas quando está avançado.
O pesquisador ressalta que os primeiros sintomas do câncer de esôfago são a dificuldade de deglutição e a perda acentuada de peso. E que, por ser um câncer muito agressivo, menos de 15% dos pacientes com o diagnóstico continuam vivos depois de cinco anos.
Luis Pinto destaca como o estudo, o maior do mundo sobre a genética do câncer de esôfago, pode ajudar a antecipar o diagnóstico da doença. O pesquisador do INCA detalha ainda como o produto metabólico do etanol provoca danos em um gene específico, conhecido como guardião do genoma, levando ao câncer.
No Brasil, o câncer de esôfago é o sexto mais incidente, de acordo com dados do INCA, e a quinto de maior mortalidade entre os homens, sem considerar os tumores de pele não melanoma.
*Com produção de Daniel Lima.