O novo Boletim do Observatório Covid-19 da Fiocruz, divulgado nessa quinta-feira, destaca impactos diferentes e desiguais no Brasil, no acesso à saúde durante a pandemia.
De acordo com o estudo, os indicadores de casos, internações e mortes registrados para Síndromes Respiratórias Agudas Graves e covid indicam que nem todos os espaços geográficos e populações vivenciaram a pandemia ao mesmo tempo e com a mesma intensidade, principalmente nos municípios mais distantes das capitais e mais pobres.
A desigualdade se repetiu na disponibilidade e acesso aos leitos de UTI para covid. A análise afirma que, enquanto houver descontrole dos indicadores em um único município, a pandemia não vai terminar.
Os pesquisadores sugerem que qualquer discussão e decisão sobre o quadro atual e cenários futuros deve considerar essas desigualdades na implementação de ações.
O Boletim ainda contém dados sobre a evolução da pandemia no país. A taxa de letalidade por covid no Brasil alcançou valores baixos e compatíveis com os padrões internacionais, de cerca de 0,8%, após vários meses oscilando entre 2 e 3%.
De acordo com os pesquisadores, a ampliação da vacinação, atingindo regiões com baixa cobertura, e doses de reforço para os grupos mais vulneráveis podem reduzir ainda mais os impactos da pandemia sobre mortalidade e internações.
Um dos pesquisadores responsáveis pelo estudo, Raphael Guimarães, afirma que apesar do balanço geral positivo, com o declínio das infecções pela variante Ômicron, ainda é preciso permanecer em alerta e monitorar as próximas semanas, principalmente devido ao carnaval.
As taxas de ocupação de leitos de UTI covid-19 para adultos no SUS confirmam a tendência de melhora, embora algumas taxas ainda estejam elevadas.
Das quatro unidades federativas que se encontravam na zona crítica, com taxas iguais ou superiores a 80%, o Mato Grosso do Sul e o Distrito Federal permanecem nessa condição. Em 17 estados as taxas caíram pelo menos cinco pontos percentuais.