Meninos vão 18 vezes menos ao urologista que meninas ao ginecologista
Meninas entram na puberdade e vão ao ginecologista; já os meninos da mesma fase buscam menos o atendimento de um especialista. É o que aponta pesquisa da Sociedade Brasileira de Urologia, que mostra que meninos de 12 a 18 anos vão 18 vezes menos ao urologista do que as meninas vão ao ginecologista.
Para o médico Felipe Prado, a demora na busca por um especialista pode ser explicada por uma questão cultural, e trazer consequências para o homem já na fase adulta.
“Em uma sociedade patriarcal, o homem não pode sentir dor, não pode ficar doente. Muitas vezes a gente encontra homens que nunca foram ao médico, quando chegam já estão com problemas mais avançados. Outra questão interessante é que a mulher tem um evento chave na vida dela, a menstruação. Naquele momento geralmente a mãe leva na ginecologista e começa a fazer um acompanhamento. No caso do homem, ele não tem esse evento. Muitas vezes passamos pela vida sem fazer nenhum tipo de acompanhamento, porque não se está sentindo nada”.
A consulta tardia pode, por exemplo, levar o homem ao diagnóstico de uma doença em estágio mais avançado ou até mesmo confundir os sintomas da andropausa, um processo natural de envelhecimento do homem que resulta na diminuição significativa dos níveis de testosterona a partir dos 40 anos. O especialista ressalta o risco da automedicação e alerta para os sintomas.
“Existe uma queda da testosterona de cerca de 1% a 2% por ano, a partir dos 40 anos de idade. Isso vai ocorrer em mais de 50% dos homens. Essa queda pode gerar indisposição, sonolência, aumento da gordura, perda de massa magra, perda da capacidade de se concentrar, memória, uma série de sintomas que o homem atribui à idade. E muitas vezes você precisa apenas fazer uma reposição hormonal. E aí precisa ser bastante criterioso: hoje em dia, uma série de pessoas usa testosterona ainda na juventude de modo indiscriminado, por fim de estéticos”.
Ainda de acordo com a pesquisa, no ano passado foram registrados pouco mais de 189 mil atendimentos ginecológicos contra 10 mil atendimentos masculinos por urologistas.
Para incentivar a importância do menino ir ao médico na adolescência, a Sociedade Brasileira de Urologia (SBU) lançou a campanha #vemparaoURO . Os detalhes estão disponíveis no site da SBU.