Cerca de 35 mil pessoas morrem na Europa, a cada ano, devido à resistência a antibióticos por parte de microorganismos como bactérias, fungos e parasitas. Mas é nos países mais pobres, que a situação fica mais grave. Segundo a OMS - Organização Mundial de Saúde, a resistência aos antibióticos pode matar 10 milhões de pessoas, por ano, até 2050.
A "resistência antimicrobiana", como é conhecida, tem como principais causas o uso excessivo de antibióticos e o descarte incorreto das embalagens e medicamentos, que contaminam o solo, a rede de esgoto e as águas.
De acordo com a médica do Serviço de Infectologia do Hospital das Clínicas da Universidade Federal de Pernambuco, Cláudia Vidal, já foram identificadas diversas bactérias comunitárias que podem adquirir maior resistência por causa desse descarte indevido.
Em 2010, foi instituída a Política Nacional de Resíduos Sólidos, que prevê a "cadeia reversa". É um mecanismo que reduz o impacto do lixo, ao fazer com que as empresas também se responsabilizem pelo destino das embalagens dos produtos que comercializam.
No caso dos remédios, as “embalagens primárias”, que têm contato direto com a medicação, devem ter tratamento especial. As farmácias, por exemplo, recebem de volta esse material para encaminhá-lo para incineração, ou outro destino que não contamine nem o solo nem a água, conforme explica Cláudia Vidal.
O descarte correto das embalagens é um dos temas tratados na "Semana Mundial de Conscientização Antimicrobiana", que acontece entre esta sexta-feira e o dia 24 de novembro e tem transmissão ao vivo pela internet. A ideia é mobilizar os atores da cadeia no reforço de uma abordagem mais ampla sobre o problema.