Na contramão do que vem sendo registrado no mundo, o Brasil teve um aumento de 5,4% no número de mortes materna nos últimos vinte anos. O dado é de um estudo publicado, em Genebra, Suíça, pelas Nações Unidas e o Banco Mundial. Na média de todos os países, houve queda de 34% nas últimas duas décadas.
Desde a virada do século, a redução da mortalidade materna foi de quase um terço. Mesmo assim, em 2020, por dia, quase 800 mulheres ainda perderam a vida por complicações na gravidez ou no parto, principalmente consequência de sangramento, infecção e abortos inseguros.
Entre 2000 e 2015, apesar da queda e estagnação do índice mundial, em algumas regiões, ele piorou. Na América Latina houve um aumento de 15% nas mortes de mães, quadro agravado, segundo o estudo, pela covid-19.
No continente americano, Estados Unidos e Venezuela foram os principais países com maior aumento de mortes maternas nas duas últimas décadas.
Aqui no Brasil, eram 68 mortes por cem mil habitantes no ano 2000, chegando a 62 em 2015, mas subindo para 72 óbitos para cada cem mil habitantes em 2020.
De acordo o médico Rodolfo Pacagnella, vice-presidente da Comissão de Mortalidade Materna da Federação Brasileira das Associações de Ginecologia e Obstetrícia, por causa da pandemia, esse cenário pode ser muito pior que os números oficiais.
Segundo a Organização Mundial da Saúde, para mudar essa situação, as mulheres precisam ter mais controle sobre a saúde reprodutiva; e sobre se e quando elas pretendem ter filhos, como explica o ginecologista Rodolfo Pacagnella.
Nossa reportagem tentou contato com o Ministério da Saúde, mas ainda não obteve resposta.