Estudo feito pela Fundação Oswaldo Cruz em Rondônia, na região norte do país, identificou, pela primeira vez, a presença de uma variante do vírus da hepatite B entre a população indígena daquele estado. O genótipo D encontrado é predominante da região sul do Brasil e a sua presença, segundo os pesquisadores, sugere que a doença hepática está mais avançada quando comparada a outras variantes.
A pesquisadora e coordenadora do estudo, Deusilene Vieira, salienta, no entanto, que o resultado não quer dizer que a doença esteja mais agressiva, ou com traços de maior gravidade entre os indígenas, mas que precisa ser melhor explorada pela comunidade científica. Ela explicou que esta variante D já circula entre os não-indígenas na região da Amazônia.
"Mas foi o contato que eles tiveram, em algum momento do passado. Muitas vezes, a transmissão acontece entre eles mesmo - a transmissão intradomiciliar - e, em outras vezes, pelas formas de transmissão que a hepatite B é transmitida usualmente".
Deusilene ressalta, ainda, a importância da vacinação para a hepatite B e um acompanhamento constante dos pacientes.
"A Amazônia, principalmente os estados de Rondônia, Acre e parte do estado do Amazonas, é uma região endêmica para os vírus da hepatite B, e também para o vírus da hepatite delta (hepatite D). Então, nesta região que a gente já sabe que tem a presença desse vírus, vale a pena ficar fazendo uma vigilância laboratorial, que inclui genômica para avaliar as variações de vírus diferentes que a gente tem aqui, assim como o acompanhamento clínico destes pacientes".
Segundo a Fiocruz, Rondônia é o segundo estado com maior número de casos de hepatite B no Brasil. A doença é a segunda maior causa de óbitos entre as hepatites virais no país. Em Porto Velho, capital do estado, há atualmente 7.977 pacientes crônicos cadastrados no Ambulatório de Hepatites do Centro de Pesquisa em Medicina Tropical, referência no atendimento aos pacientes em Rondônia.