Um estudo inédito sobre saúde mental dos brasileiros aponta que a persistência das desigualdades sociais no país interfere diretamente na qualidade da saúde mental da sociedade.
A pesquisa é realizada pelo Instituto Cactus, entidade filantrópica e de direitos humanos e promoção de saúde mental, e pela AtlasIntel, empresa especializada em inteligência de dados, e ouviu pouco mais de duas mil pessoas de todas as regiões do Brasil.
Segundo o estudo, o índice nacional de saúde mental ficou em 635 pontos para o 1º trimestre de 2023, em uma escala de zero a 1000 pontos. O cruzamento dos dados permitiu o cálculo entre grupos específicos. E apontou que pessoas trans e não-heterossexuais apresentaram pontuações mais baixas em relação à saúde mental quando comparadas a cisgêneras e heterossexuais.
O índice da população trans ficou em 445, um dos mais baixos entre todos os grupos demográficos, frente aos 638 pontos dos cisgêneros.
Pessoas desempregadas também apresentaram baixo índice, 494 pontos, o que representa 186 abaixo dos assalariados. Enquanto isso, pessoas com renda acima de R$ 10 mil alcançaram resultado bem superior, 737 pontos.
Além disso, os homens apresentaram pontuação bem superior às mulheres nas três dimensões do índice, com resultado médio de 672 pontos, frente aos 600 pontos das mulheres.
Mariana Rae, coordenadora de projetos no Instituto Cactus, ressalta a importância de olhar para esses resultados.
Ela também reforça que os números podem servir como base para a formulação de políticas públicas.
Outros pontos abordados na pesquisa foram prática esportiva, autoestima e relações familiares. O estudo também levantou dados sobre acesso à terapia e serviços de apoio à saúde mental.
De acordo com o levantamento, 62% dos participantes não usam serviços de apoio à saúde mental, e apenas 5% relataram fazer psicoterapia. Além disso, 41% se dizem insatisfeitos com os serviços de saúde em alguma medida.