O Instituto de Tecnologia em Imunobiológicos da Fiocruz, Bio-Manguinhos, vai se tornar um laboratório de prontidão para a produção de vacinas em situações de emergência sanitária, como epidemias ou pandemia. Em parceria com as Nações Unidas, o laboratório brasileiro será acionado para fornecer vacinas para outros países, principalmente na América Latina. Os termos de cooperação devem ser assinados em breve, de acordo com o diretor de Bio-Manguinhos, Maurício Zuma.
“Nós temos sido muito procurados, com a visibilidade que nós temos hoje. Para dar apoio internacional, pra cumprir essa lacuna que tem de falta de vacinas no mundo. Então, obviamente que a nossa prioridade é sempre interna, né, Ministério da Saúde. Mas a gente deve se comprometer a liberar também doses para o exterior, o que a gente já fazia. Mas eles querem contar com o nosso compromisso, e que a gente esteja preparado para poder dar essa resposta”, explica.
E essa não é a única grande expectativa do Instituto para 2024. No primeiro semestre deve começar a fase de testes clínicos da vacina contra a covid-19 com a tecnologia de RNA mensageiro. Essa é a mesma plataforma utilizada na vacina da Pfizer. Sua principal vantagem é a facilidade de adaptação da plataforma básica para combater agentes diferentes.
Os testes em animais já foram feitos e tiveram resultados excelentes, segundo Zuma. Ele acredita que o domínio dessa tecnologia seja uma alavanca para o futuro:
“Com a primeira vacina e avançando bem, a gente vai poder acelerar vários outros projetos nessa plataforma. Esse projeto conversa com a questão da gente ser um laboratório de prontidão regional. Possivelmente discutindo com esses organismos internacionais quais seriam produtos de interesse para essa prontidão internacional. Porque pode ser que a gente faça nessa mesma plataforma.
E para garantir que o Instituto dê conta de produzir esses novos imunizantes e atender à possível demanda internacional, algumas adaptações e uma grande ampliação estão em andamento. Em 2028, a Fiocruz deve inaugurar o Complexo Industrial de Biotecnologia em Saúde, que está sendo construído em Santa Cruz, na Zona Oeste do Rio de Janeiro.
Com o novo aporte de R$ 2 bilhões do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC), as obras devem avançar com mais rapidez.
Quando a nova unidade estiver em funcionamento, Bio-Manguinhos vai conseguir dobrar a sua quantidade rotineira de processamento e produzir até um bilhão de doses de vacinas por ano, caso seja necessário. Mas, antes disso, as plantas atuais do Instituto estão sendo adaptadas para otimizar a produção atual.
“No caso, por exemplo, de Rotavirus, hoje a gente não produz o IFA porque a gente não tem lugar para produzir. Lá ele vai poder ser produzido e a gente vai poder concluir essa transferência de tecnologia. No caso de vacinas como rubéola, ela também vai aumentar muito a nossa capacidade. Abrindo espaço ali para rubéola, a gente abre espaço na nossa outra planta para aumentar a capacidade de sarampo e de caxumba”, conta Zuma.
E tudo isso também se relaciona com o aumento da relevância internacional do Instituto. Ainda no primeiro trimestre deste ano, Bio-Manguinhos deve ser certificado pela Organização Mundial de Saúde (OMS) para exportar a vacina dupla viral, que protege contra o sarampo e caxumba, especialmente para países africanos. Além disso, o instituto também vai aumentar a capacidade de produção da vacina contra a febre amarela, que já é exportada.
*Essa notícia foi atualizada no dia 30 de janeiro para corrigir uma informação.